Por: Luca Boni
São Paulo, 20/02/2025 – Os índices acioniários chineses têm se destacado nas últimas semanas– as ações da Alibaba, por exemplo, sobem mais de 50% desde fim de janeiro, atraindo atenções dos investidores globais desde um frenesi em torno do lançamento de modelos de inteligência artificial no país, como o DeepSeek.
A Alibaba, que lançou nova versão de seu modelo de IA, o Qwen, prometendo desempenho superior ao do já celebrizado rival local, ainda reportou ontem lucros acima de consensos no trimestre encerrado em dezembro, ajudando a impulsionar o sentimento do mercado.
O Índice Hang Seng (HSI), composto por ações chinesas, acumula alta de cerca de 12% desde o dia 27 de janeiro, data do anúncio do DeepSeek, desempenho superior aos EUA, por exemplo. Já as ações da Alibaba, negociadas na NYSE, registraram ganhos superiores a 50% no mesmo período.
O movimento nos mercados sugere que pode estar ocorrendo uma ´rotação´ global de ativos, com diversas razões para acreditar que o rali da China deverá continuar mais forte que nos EUA, disse o CEO da Emmer Capital, Manishi Raychaudhuri.
O gestor citou dúvidas sobre a necessidade de investimentos em chips da Nvidia após o lançamento do DeepSeek, e temores de que americanos podem ter investido ´demais´ em IA. “De qualquer maniera, essas questões não têm respostas fáceis, e por isso continuarão a pesar, criando certa incerteza sobre perspectiva de investimentos nas caras ações tech americanas”, escreveu ele, para a Reuters.
Analistas do Morgan Stanley avaliaram, em relatório ontem, que uma mudança estrutural significativa está em curso na China, mostrando-se mais otimistas com a continuidade do rali. Eles agora veem uma recuperação sustentada para o mercado chinês, especialmente no índice de ações chinesas listadas no exterior.
Segundo a equipe do Morgan, o avanço tecnológico mostrado por novidades como o DeepSeek mostra que o setor de tecnologia pode liderar o crescimento e aumentar o ROE das empresas chinesas, mesmo em um cenário deflacionário. O ROE da MSCI China já apresentou uma melhora significativa, e os analistas acreditam que ele pode ultrapassar 12% até 2026.
ALIBABA
A Alibaba registrou lucros superiores às expectativas no trimestre fiscal encerrado em dezembro, enquanto a gigante do comércio eletrônico buscava retomar o crescimento em meio à forte concorrência doméstica e à desaceleração da economia chinesa.
De acordo com Pedro Albuquerque, CIO do TC, o balanço da Alibaba foi “espetacular”, impulsionado pelo crescimento da divisão de Cloud, puxado pela IA, e com destaque também para a área de varejo da empresa, que reportou números relevantes, especialmente na divisão de vendas internacionais.
“Alibaba vive um ‘earnings momentum’. Como carregávamos uma posição no TC Cosmos, aproveitamos para fazer uma leve redução, mas seguimos acreditando na empresa e que o mercado passará a precificar um crescimento ainda maior do Cloud, o que pode adicionar bastante momentum à cotação das ações”, afirmou Albuquerque.
Para Vitor Mafra, analista de Equity Research da Doxos Capital, a Alibaba reportou resultados muito fortes. “A companhia chinesa mostrou crescimento em todos os segmentos, com destaque para o Cloud, que deve ter ganhos relevantes com a IA.”
“Além disso, a empresa expandiu a receita por meio do Taobao e Tmall e recomprou ações, gerando valor ao acionista”, completou Mafra.
(LB | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)