Por Giovanna Tegani*
O velório do Twitter está armado, e suas viúvas já choram o luto. Mas calma aí! Vamos entender se realmente o caso é tão sério quanto os usuários dizem.
Considerando o início dessa novela, desde que o bilionário Elon Musk comprou o Twitter em outubro de 2022, a rede constantemente está nos holofotes das polêmicas. Começamos com os valores aplicados na aquisição. Isso porque o empresário pagou US$ 44 bilhões, e a plataforma, atualmente, é avaliada em apenas um terço desse valor. Na época, o próprio Musk admitiu ter pago caro pela rede, mas também afirmou que tinha planos de transformar o Twitter em um superaplicativo de US$ 250 bilhões. E, com esse foco, começou a promover algumas mudanças na rede social.
Idealmente, um superapp é uma plataforma que oferece a interação social com as postagens da forma com que já estamos acostumados, como fotos, vídeos e áudios. Mas também une facilidades que possibilitam ao usuário fazer operações financeiras, pedir delivery ou fazer compras. Tudo em um único aplicativo. Esses superapps não são uma criação do Elon Musk, e já existem, especialmente na Ásia. Mas ainda não são fortes no ocidente. O maior exemplo de um superapp é o WeChat, chinês, que transacionou mais de US$400 bilhões em 2021, chamando a atenção de Musk.
Foi no dia 23 de julho deste ano que Musk anunciou, via Twitter, que mudaria o nome da plataforma para X. A ideia é deixar a rede mais “padronizada” com as outras empresas e produtos do empresário. Na gama de empreendimentos dele, temos a SpaceX, a X.IA e até mesmo a Tesla não escapa da fixação do Elon com a letra X, tendo o Model X como linha de carros.
A partir da data, a rede começou um processo de rebranding para acomodar o novo nome, identidade e também um novo ícone, dando adeus ao tão amado passarinho azul. A arroba oficial @Twitter também foi trocada pela @x, que não estava disponível na ocasião. Até a noite de 25 de julho, o user pertencia ao fotógrafo Gene X Whang, que o utilizava havia 16 anos. O fotógrafo indicou que recebeu um e-mail da empresa oferecendo alguns produtos da rede, como o selo Blue, e também a oportunidade de conhecer Elon Musk e a equipe do Twitter. Além das mudanças online, também aconteceram alterações no espaço físico da empresa. No dia 24 de julho, inclusive, um guindaste precisou parar suas atividades na metade quando estava retirando o letreiro escrito “Twitter” da fachada da empresa, por não possuir autorização para operar na região.
E não foi somente o guindaste que apresentou problemas durante esse processo. Também foi instalado no topo do prédio da empresa um letreiro luminoso indicando o X, que precisou ser removido após 24 reclamações da vizinhança acerca da potência da iluminação e também sobre a segurança da instalação.
Além disso, o domínio do X também é confuso, afinal, a marca já está registrada por outras duas gigantes da tecnologia: Microsoft e Meta. E o registro da Meta é justamente para redes sociais, o que permitiria a ela contestar, em tese, o uso da marca por Musk. Nesse cenário, a ação poderia gerar custos altíssimos para o Twitter (ou devo dizer X?).
Apesar de a mudança para o nome X parecer abrupta, é algo que vem sendo planejado há mais de 8 meses. A CEO da empresa, Linda Yccarino, enviou um memorando aos funcionários abarcando as alterações e mostrando uma visão muito positiva sobre o futuro da rede social, vislumbrando que a unificação de vários serviços num só local facilitará a vida dos usuários, inclusive com o uso de inteligência artificial.
Ok, mas ao menos a mudança tem uma identidade visual única e maneira?
Bom, vamos lá. A Meta lançou recentemente o Threads – que seria uma concorrente direta do Twitter – com uma identidade visual pautada em um ícone branco sobre um fundo preto. Exatamente a mesma iconografia adotada posteriormente pelo Twitter, que abandonou o característico azul claro para usar o fundo preto, com um X branco em cima. Mostrando uma semelhança enorme entre a identidade de ambas as redes.
Mas não se iludam, por mais que possa parecer excêntrico ou incompreendido, Elon Musk é o criador de empresas e produtos de extremo sucesso. E, mesmo com as mudanças e com o ódio dos haters, a rede não apontou uma diminuição de usuários ativos no período. Ou seja: estão reclamando, mas estão reclamando no próprio Twitter. Será então que é uma jogada de mestre?
Agora, se você está perdido com essa alteração de ícone e nome do aplicativo, vou aproveitar o espaço para ser útil e colocar o passo-a-passo para voltar a rede ao que era anteriormente. Abra os atalhos do seu celular, clique em “novo”, selecione a opção “adicionar ação”, clique em “abrir app”e escolha o X. Depois é só adicionar para a tela de início e escolher o ícone antigo como capa do aplicativo, além de poder renomear para o nome antigo. Isso ajuda você a se adaptar mais rápido? De forma alguma. Mas vai reduzir sua vontade de reclamar toda vez que olhar o ícone do X.
E aí, você acha que essa mudança toda é coisa de gênio ou de louco?
*As opiniões dos colunistas do FLJ não refletem a posição do veículo.