Por: Márcio Aith
Cresce o desconforto da ministra do meio-ambiente, Marina Silva, com a decisão do Senado, apoiada pelo próprio governo do qual faz parte, de tirar o agronegócio do setor regulado do mercado de carbono – decisão que, na prática, desobriga produtores rurais de respeitarem limites às suas emissões de carbono ou, caso superem esses limites, comprem créditos de carbono como forma de compensação. O projeto agora volta à Câmara dos Deputados.
Marina tem tratado pejorativamente o agronegócio, chamando-o de “ogronegócio”. Ela também tem lembrado a pessoas próximas que, antes de aceitar ingressar no governo, entregou uma carta de compromissos e de valores ao presidente Lula. Nessa carta, que teria sido aceita em sua totalidade pelo presidente, Marina deixa clara sua posição em favor de uma regulação mais rigorosa do impacto ambiental das atividades do agronegócio.
Estudo da Consultoria legislativa da Câmara dos Deputados mostra que a agropecuária é responsável por 25% das emissões de gases do efeito estufa, sendo o desmatamento responsável por 49% das emissões no Brasil. Os dois percentuais se somam quando se sabe que o desmatamento em boa parte é feito para a expansão da pecuária ou para o plantio de grãos.