Ao longo dos anos, diversas estratégias foram apresentadas ao mercado buscando alcançar a carteira ideal – aquela que oferece o maior nível de retorno, com risco mínimo. No entanto, o mundo das alocações ainda é marcado por uma grande divergência entre portfólios de investidores comuns, que se apoiam majoritariamente na performance instável de ativos tradicionais, e daqueles com altos recursos disponíveis para aplicação, que apostam na diversificação e atingem resultados mais estáveis e muito acima da média. Assim, o alcance da tão almejada geração de riqueza passa pela análise de como esses agentes investem seu capital, e como outros tipos de investidores podem maximizar seu portfólio utilizando tais práticas.
Não há dúvidas de que, na maioria dos casos, investidores individuais se encontram alheios ao fato de que existe um forte gap entre eles e os ricos, ultra ricos, e institucionais, no que tange a forma de se investir. Como mencionado brevemente, essa diferença consiste principalmente no fato de os indivíduos possuírem seu portfólio amplamente alocado em ações e títulos, enquanto que aqueles com grandes quantidades de recursos focam principalmente em aplicações exclusivas, fora da bolsa de valores – como alternativos.
Uma vez que essa estratégia é reconhecida pela maximização do retorno e mitigação de riscos de uma carteira, os alternativos – classe de ativos que inclui Private Equity, Venture Capital, Hedge Funds, entre outros – são utilizados há décadas pelos ricos e ultra ricos como forma de potencializar ao máximo sua fortuna.
Como observado na imagem 1, a porcentagem dedicada a esses ativos em um portfólio se encontra positivamente correlacionada com a quantidade de recursos que cada parte possui. Enquanto os ultra ricos possuem 50% da sua carteira alocada em alternativos, os ricos contam com aproximadamente 30% destinados a essa classe. O investidor de varejo, por sua vez, possui em média apenas 5% de seu capital alocado nesses ativos – o que demonstra uma diferença gritante quando comparado aos grandes investidores.
No entanto, o principal motivo pelo qual o investidor com recursos limitados não possui parcelas significativas alocadas em alternativos se distancia da quantidade de capital que o mesmo possui e se aproxima da falta histórica de disponibilidade desses ativos para o público em geral.
Durante décadas, os investimentos em alternativos estavam de fato restritos àqueles que possuíam largas quantias de capital. No entanto, com o passar dos anos – e especialmente a partir do JOBS Act nos Estados Unidos, que foi seguido pela Instrução Normativa CVM 588 no Brasil – esse mercado iniciou uma forte trajetória de democratização, ainda pouco conhecida por parte dos pequenos investidores. Dessa forma, evoluções nas regulamentações permitiram que investidores individuais pudessem, assim como os grandes, aproveitar oportunidades únicas e mirar em maior diversificação e retorno.
Na prática, não há dúvidas de que portfólios de diferentes tipos de investidor apresentarão divergências. No entanto, se inspirar na carteira daqueles com vastos recursos – e que sabem verdadeiramente o que é preciso para continuar gerando riqueza da melhor forma possível – se mostra muito importante para adquirir boas práticas de investimento, priorizando as alocações adequadas quando possível e ajustando suas respectivas proporções.
Nesse cenário, educar o investidor individual sobre as oportunidades existentes no mercado – que se estendem muito além dos já conhecidos ativos tradicionais – é o caminho para que os mesmos, assim como os grandes investidores, atinjam o ansiado equilíbrio entre risco e retorno de um portfólio.
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