Por Giovanna Tegani
Javier Milei, candidato ultraliberal que concorre à presidência da Argentina, ficou em segundo lugar nas eleições deste último domingo (22) e enfrentará no segundo turno, em 19 de novembro.
Entre os projetos prometidos pelo candidato está a dolarização do país. Logo, podemos analisar as vantagens e desvantagens que essa ação teria para a nação. Dolarizar é o processo pelo qual um país adota o dólar dos Estados Unidos como sua moeda oficial.
Segundo dados do Banco Mundial, temos como exemplo de países dolarizados, as seguintes pátrias: EUA, Porto Rico, Equador, El Salvador, Zimbábue, Guan, Ilhas Virgens, Ilhas Virgens Britânicas, Timor-Leste, Bonaire, Samoa Americana, Ilhas Mariana, Micronesia, Palau, Ilhas Marshall, Panamá e Turks e Caicos.
Podemos comparar também outra lista relevante que constam as dez maiores economias do mundo, e são:
1º Estados Unidos — PIB US$ 18,6 trilhões;
2º China — PIB US$ 11,2 trilhões;
3º Japão — PIB US$ 4,9 trilhões;
4º Alemanha — PIB US$ 3,4 trilhões;
5º Reino Unido — PIB US$ 2,6 trilhões;
6º França — PIB US$ 2,5 trilhões;
7º Índia — PIB US$ 2,2 trilhões;
8º Itália — PIB US$ 1,8 trilhões;
9º Brasil — PIB US$ 1,8 trilhões;
10º Canadá — PIB US$ 1,5 trilhões.
(Fonte: FGV)
Se você for um bom observador, pode notar que o único país dolarizado na lista das maiores economias mundiais são os Estados Unidos da América, inclusive ocupando o primeiro lugar do ranking. Logo, podemos verificar que nenhum dos outros países dolarizados destacam-se pela economia forte.
Porém, existem justificativas que embasam o desejo de Javier Milei em dolarizar a Argentina. Com a medida, o país pode se beneficiar da estabilidade da moeda norte-americana. Isso pode ajudar a evitar flutuações cambiais excessivas, o que, por sua vez, contribui para a estabilidade econômica.
A estabilidade cambial é crucial para atrair investimentos estrangeiros e promover um ambiente de negócios mais previsível. E, como sabemos, a Argentina enfrenta uma longa crise econômica que compromete o desenvolvimento da nação.
Em contrapartida, adotando o dólar como moeda oficial, o país também precisaria lidar com a perda de controle sobre política monetária. Isso significa que a Argentina não poderia controlar a oferta de sua própria moeda, ajustar as taxas de juros de acordo com suas necessidades econômicas específicas ou realizar outras ferramentas de política monetária.
Essa perda de autonomia pode limitar a capacidade de resposta a choques econômicos internos. A medida também pode causar uma rigidez maior no quesito de ajuste de salários e preços internos, tornando mais difícil a adaptação às mudanças nas condições econômicas. Isso pode tornar o país mais vulnerável a crises econômicas, pois teria menos ferramentas disponíveis para responder a choques externos ou internos.
E justamente essa vulnerabilidade pode ser exponenciada com a medida da dolarização. Países dolarizados tendem a ser mais vulneráveis a eventos econômicos nos Estados Unidos. Mudanças nas políticas econômicas dos EUA, flutuações nas taxas de juros ou crises financeiras podem ter impactos diretos nos países dolarizados.
Isso pode resultar em instabilidade financeira e econômica, especialmente se o país não tiver mecanismos adequados para lidar com esses choques externos. Por isso, a decisão precisa ser ponderada com muito esmero.
Mas, a dolarização poderia ser a solução para uma questão econômica que assola a Argentina. Uma vez que a política monetária estará, de certa forma, atrelada à política dos EUA, torna-se mais fácil controlar a inflação. Isso pode ser benéfico para o país, que vem sofrendo com a inflação elevada. A estabilidade de preços pode criar um ambiente mais favorável para o crescimento econômico sustentável.
Agora, resta esperar. Você acredita que, sendo eleito, o Javier Milei deveria dolarizar a Argentina?