São Paulo, 16/07/2024 – A Renova Energia voltou a pensar em crescimento e avalia formas de gerar valor com sua enorme carteira de projetos, disse ao Faria Lima Journal o CEO, Sergio Brasil, poucos meses após a empresa que foi uma das pioneiras em energia eólica no país ter encerrado um processo de recuperação judicial.
Como parte do plano de reestruturação, a Renova prepara a venda de projetos eólicos ainda no papel com até 3 gigawatts em capacidade. Eles fazem parte de um portfólio eólico que soma potencial para até 6,67 gigawatts, e foi avaliado em R$1,39 bilhão, de acordo com laudo divulgado ontem pela companhia.
A carteira da Renova inclui também potenciais a ser desenvolvidos em geração solar, não incluídos nessa avaliação, e o grupo tentará avançar parte desses projetos, inclusive por meio da eventual atração de parceiros.
“A Renova é uma das maiores plataformas de projetos renováveis do Brasil. Temos quase 7 GW em bons projetos eólicos e 5 GW de bons projetos solares”, disse o CEO.
“No final do dia, temos que monetizar nossos ativos. Vamos focar muito em desenvolver novos projetos (greenfield), e vai valer muito trazer parceiros para desenvolvimento em conjunto”.
Nomeado pela gestora Angra Partners, que comprou da Cemig o controle da Renova, em 2021, por R$60 milhões, o CEO, Sergio Brasil, é especializado em fusões e aquisições e já participou de mais de 80 transações que totalizaram R$10 bilhões.
Após liderar o conselho da empresa desde 2022, ele assumiu como CEO em 2024, para tocar as últimas etapas da recuperação judicial.
“Agora queremos falar de crescimento. Fizemos todo o trabalho dos últimos anos para colocar uma estrutura de capital adequada para isso”, disse.
Fundada em 2001, a Renova foi pioneira em energia limpa, vencendo os primeiros leilões de projetos eólicos no Brasil. Ela chegou a ter Cemig e Light como acionistas, e pediu recuperação judicial em 2019, com dívida de mais de R$3 bilhões, em meio a dificuldades para colocar em pé todos os projetos prometidos e ao fracasso de negociações com novos investidores. A dívida atual é cerca de R$1,3 bilhão.
RETOMADA
Uma grande expectativa da Renova é que a demanda de data centers por eletricidade ajude a impulsionar a retomada de investimentos no setor de renováveis no Brasil, que vive momento de baixa, após um excedente de oferta e a alta de custos de equipamentos terem travado novos projetos nos últimos anos.
A Renova inclusive está oferecendo a infraestrutura elétrica de seu parque Alto Sertão III, na Bahia, para data centers que queiram se conectar à rede por ali, em estratégia para gerar receitas e explorar um novo nicho de mercado.
“Acho que isso vai ter capacidade de tirar o setor desse marasmo que estamos vendo”, disse o CEO.
Ele destacou ainda que a Renova agora busca voltar a investir em um contexto bem mais complexo — após décadas de expansão ininterrupta no Brasil, os setores de energia eólica e solar desaceleraram, e as empresas têm cancelado projetos, enquanto ainda lidam com perdas de receita pelo excesso de oferta.
“Virou esporte de risco. Saiu de quase renda fixa… e foi para a área dos esportes radicais”, brincou Brasil.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)