São Paulo, 11/07/2025 – A Nvidia segue animada com perspectivas de crescimento, após ter registrado valor de mercado recorde de US$4 trilhões no fechamento da última quinta-feira, tornando-se a companhia mais valiosa do mundo, disse à TC News nesta sexta-feira o diretor de Enterprise da Nvidia para América Latina, Marcio Aguiar.
“Nós na Nvidia estamos apenas começando nessa jornada de inovação. Hoje, por maior que esteja o mercado… temos ainda muito a alcançar”, afirmou, em entrevista exclusiva à TC News, no programa Almoço de Negócios.
“Desde 2022, 2021, venho comentando em várias entrevistas. Muitos achavam que em 2022 já estávamos em um ´boom´ da Inteligência Artificial. Não tem um ´boom´, não tem um topo, isso aqui é uma jornada tecnológica”, acrescentou.
“Somos todos nós cada vez mais ávidos usuários de plataformas computacionais que demandam muito poder de processamento das GPUs que a gente desenvolve.”
Por outro lado, restrições impostas pelos Estados Unidos para a comercialização de equipamentos de tecnologia com a China afetaram diretamente a Nvidia no primeiro trimestre fiscal, mas não vão parar a expansão da companhia e de seus resultados, disse o diretor. “Esses próximos quatro semestres, pelo menos, vamos continuar vendo essa linha de crescimento sendo crescente”, afirmou.
Em abril, o governo Trump passou a exigir licença prévia para exportações dos chips H20, da Nvidia, à China, por período indeterminado. As restrições, por exemplo, resultaram em prejuízo de cerca de US$4,5 bilhões no primeiro trimestre fiscal de 2026, em razão de estoques e compromissos de compra. A companhia também antevê uma queda de US$8 bilhões em termos de receita no segundo trimestre fiscal, diante das restrições.
A China é um dos principais mercados para a Nvidia, cuja receita no primeiro trimestre fiscal somou US$5,5 bilhões, abaixo do consenso de mercado, de US$6,2 bilhões.
Sem as restrições dos EUA para a China, essa expansão seria ainda mais acelerada– a Nvidia viu a participação de mercado no país cair de 90% para em torno de 50% com as medidas, mas está se adaptando às novas condições do mercado. “Novas GPUs estão sendo desenhadas para eventualmente serem comercializadas com a China”, explicou.
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, encontrou-se ontem com Trump, dias antes de uma viagem programada à China, de acordo com a Bloomberg.
DATA CENTERS, ENERGIA
O diretor da Nvidia comentou que a inteligência artificial generativa requer “muito poder computacional”, exigindo enorme uso de eletricidade, e que a indústria busca reduzir isso nas novas tecnologias.
A imensa demanda gerada pela febre da IA levou o consumo de energia elétrica nos EUA voltar a crescer após décadas de estagnação, e especialistas incluindo o “papa” da energia Daniel Yergin alertam sobre o esforço que será necessário para garantir infraestrutura que atenda aos numerosos e gigantescos data centers.
“Do nosso lado, toda e qualquer nova geração de hardware vem com propósito de entregar mais poder computacional, e com otimizações de software, ela vem consumindo menos energia”, disse Aguiar.
“Isso também leva empresas que trabalham com infraestrutura de data center a trazer novos conceitos de refrigeração, dissipação do ar, para melhorar esse consumo energético. E nós trazendo novas arquiteturas, mais densas, que demandam menos espaço físico, que fica mais fácil para refrigerar (diminuindo consumo de energia)”, explicou.
Ele disse ainda que a empresa está de olho em esforços do governo para atrair investimentos em data centers no país, com medidas como antecipar redução de tributos do setor que era prevista na reforma tributária.
“O Brasil é um forte candidato para estar recebendo grandes data centers. Temos abundância de energia hídrica, e renováveis. Muitas usinas estão sendo instaladas no Nordeste, e no Sul, aproveitando a bacia hídrica, tem vários projetos também na região”, comentou.
As tarifas que Trump prometeu aplicar sobre o Brasil, no entanto, podem eventualmente atrapalhar “um pouco” esse plano e os negócios das empresas do setor no Brasil, ampliando incertezas para investimentos, admitiu o executivo.
“É algo que tomara que não venha a acontecer. Não só impactaria a Nvidia, como toda a cadeia na qual estamos inseridos”, comentou. “Ainda temos que estudar”, acrescentou, sobre os impactos.