Banco tamém cortou preço-alvo de PETR4

Petrobras não deve pagar dividendo extraordinário, diz Santander; rebaixa recomendação das ações

Reuters News Brasil
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Por: Luciano Costa

São Paulo, 09/06/2025 – A Petrobras não deve pagar dividendos extraordinários devido à recente redução dos preços do petróleo, levando o rendimento com proventos aos acionistas a nível próximo ao de rivais globais, e retirando um dos atrativos das ações da estatal brasileira, apontaram analistas do Santander em relatório a clientes.

Com essa visão, o Santander rebaixou recomendação das ações da Petrobras para “neutra”, de “compra” anteriormente, com um preço-alvo de R$38 ao fim de 2026, de R$44 anteriormente, ao fim de 2025.

“Projetamos dividendos menos atraentes para a Petrobras em 2025-2026”, afirmou o time de analistas liderado por Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, estimando um “dividend yield” de 10% neste ano, “pouco atrativos na comparação com o histórico da Petrobras e de seus pares”, escreveram.

Grandes petroleiras globais que disputam a atenção do investidor oferecem um dividend yield de entre 9% e 10% para 2025-2026, segundo as projeções do Santander.

Segundo os analistas, a Petrobras deve distribuir US$7,3 bilhões em dividendos ordinários em 2025 e US$6,8 bilhões em 2026, com a empresa evitando proventos extraordinários para não aumentar a alavancagem em meio a um período de maior incerteza para o setor de petróleo.

Em eventos recentes, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que “o momento é de austeridade” por conta da queda dos preços do petróleo, associada a preocupações com riscos de desaceleração da economia global e da China devido à guerra tarifária lançada por Donald Trump.

Os dividendos da Petrobras poderiam ser ainda menores se levada em consideração as medidas em avaliação pelo governo para levantar novos recursos com medidas junto a empresas de petróleo de gás, como leilões de petróleo da estatal PPSA e mudanças em preço de referência para royalties e em participações especiais.

Em 2026, a Petrobras poderia eventualmente se beneficiar de notícias positivas, com avanços na exploração da Margem Equatorial, e com um melhor humor dos investidores devido à proximidade das eleições presidenciais, acrescentou o Santander, embora mantendo a cautela.

“Acreditamos que isso só poderá ser um ‘driver’ para a ação em 2026. Com isso, preferimos esperar nos bastidores por informação adicional sobre como a empresa vai lidar com sua rígida situação financeira”, escreveram os analistas.

O Santander está projetando que a Petrobras encerrará o ano com alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e EBITDA, de 1,6x, acima dos rivais globais, a maior deles abaixo de 1x.

“Nossa recomendação ‘neutra’ para a Petrobras é baseada na situação financeira apertada da companhia para 2025-26, que pode apertar mais se o preço do petróleo ou margem de refino caírem nos próximos trimestres”, apontou o banco.

Após dispararem 94% em 2023 e valorizarem 18% em 2024, as ações da Petrobras recuam quase 14% no acumulado de 2025, em meio à recente retração nos preços do petróleo, e após resultados ligeiramente abaixo das expectativas nos últimos balanços financeiros.