Guerra comercial

Bill Ackman sugere a Trump pausa em tarifas contra China por 180 dias

Bill Ackman sugere a Trump pausa em tarifas contra China por 180 dias

Brasília, 05/05/2025 – O CEO da Pershing Square, Bill Ackman, sugeriu na manhã desta segunda-feira que o próximo passo em torno do impasse tarifário liderado pelos Estados Unidos deveria ser o anúncio de uma pausa de 180 dias na imposição de tarifas contra a China, avaliando que isso poderia abrir espaço para oportunidades comerciais nas negociações e aliviar pressões sofridas pelas companhias locais.

“Precisamos fazer a mesma coisa com a China (anunciar pausa de tarifas). Uma alíquota de 145% contra a China significa uma interrupção de negócios com a China. Isso tem repercussões negativas muito maiores para a China, mas também tem para os EUA, iniciando-se pelas companhias menores. A coisa certa, ao meu ver, é pausar as tarifas contra a China. Vamos dar mais tempo. Talvez 180 dias”, afirmou Ackman, mais cedo, em entrevista à CNBC.

De acordo com ele, sob esse cenário, o país asiático encontraria-se “muito mais incentivado” a fazer um acordo com os EUA. “Quanto mais tempo as tarifas elevadas persistirem, maior o risco da China de perder companhias. A dinâmica, neste momento, não é favorável aos EUA, pois há uma pressão econômica. Com uma pausa de 180 dias, a pressão econômica sai dos EUA, mas persiste na China”, complementou.

No fim de semana, em entrevista à NBC, Trump admitiu que pode reduzir as tarifas sobre a China “em algum momento”. Caso contrário, segundo ele, tornaria-se praticamente impossível fazer negócios com o país– “e eles querem muito” fazer negócios com os EUA, segundo o presidente. Em declarações de porta-vozes publicadas pela agência estatal de notícias Xinhua, a China disse ter porta aberta para negociações, mas cobrou a retirada das tarifas.

ALÍVIO GEOPOLÍTICO E NA INFLAÇÃO

Ackman também afirmou haver razões, em sua visão, para otimismo geopolítico adiante. Ele crê em solução para o conflito entre Rússia e Ucrânia, bem como alguma resolução envolvendo o impasse no Oriente Médio. Já ao ser questionado sobre a economia americana, o investidor afirmou que a inflação tem recuado nos EUA, também citando os preços de energia em declínio.

Questionado sobre alocação de capital, Ackan afirmou que a Nike foi a única companhia do portfólio da Pershing Square que sofreu com a imposição de tarifas entre EUA e China. “Tentamos ter negócios que não sofram com fatores extrínsecos”, explicou à Bloomberg TV. Ackman tambem detém participação, via Pershing Square, em companhias de diversos segmentos da economia, como Hilton (hotelaria), Chiplote (restaurante), Alphabet (tecnologia) e Brookfield (gestão de ativos), por exemplo.

Na manhã desta segunda, a Pershing Square anunciou um acordo envolvendo a compra de nove milhões de ações da Howard Hughes – por um custo total de US$900 milhões, elevando a participação na companhia de real estate a 46,9%. De acordo com Ackman, o objetivo do negócio é tornar a Howard Hughes uma holding diversificada, com posterior aquisição de participações majoritárias em empresas públicas e privadas.

(GP | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)