Gestora de Stuhlberger está ´vendida´ em ações no Brasil

Verde vê 'cenário extremamente desafiador' no Brasil, com modelo econômico 'em direção ao muro'

Verde vê 'cenário extremamente desafiador' no Brasil, com modelo econômico 'em direção ao muro'

São Paulo, 8/1/2024 – A gestora Verde Asset, de Luis Stuhlberger, obteve retornos positivos em dezembro, mês em que continuou a apostar em posições vendidas contra a bolsa brasileira, segundo carta a cotistas, na qual descreve o cenário local como “extremamente desafiador” e faz duras críticas à condução da política econômica pelo governo.

Optando por posicionamento vendido na bolsa local desde novembro, a Verde avaliou como perigosa a combinação entre a dificuldade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de conter gastos e o aperto na política monetária, com o Banco Central conduzindo processo de alta dos juros.

“O modelo econômico de acelerador fiscal com freio monetário segue em direção ao muro, e embora os preços de vários ativos já embutam prêmios de risco bastante significativos, continuamos a manter um posicionamento mais negativo”, resumiu o fundo, sobre as preocupações com o quadro atual.

Na carta a cotistas de dezembro, o fundo também notou, dentre outros pontos, que se não fosse a forte intervenção do Banco Central no mercado cambial, o preço a ser cobrado pelo populismo fiscal do governo “teria sido maior ainda”.

Embora a sazonalidade de dezembro sempre mostre saídas cambiais, no último mês, esse fluxo de retirada foi exacerbado pelo pessimismo generalizado enfrentado pelos agentes, de acordo com a gestora. Dados do BC mostram que o fluxo cambial foi negativo em US$26,4 bilhões no período, e que as reservas internacionais do Brasil recuaram 9,16% em dezembro, na base mensal, a US$329,7 bilhões.

“A intervenção (do BC), em grande escala, atenuou os efeitos imediatos das saídas, mas não pode ser mantida nessa toada”, escreveu a Verde.

Segundo a asset, os impactos inflacionários da depreciação cambial observada levarão o BC a elevar os juros para “patamares que considerávamos esquecidos”. O Copom elevou a Selic a 12,25% na mais recente decisão de juros, em dezembro, e já contratou mais 200 pontos-base de alta, a serem distribuídos até março.

Em dezembro, o principal fundo da verde, o multimercado FIC FIM, teve retorno positivo de 2,20%, acima da rentabilidade de 0,93% do CDI no mesmo período. No acumulado do ano, a gestora conseguiu valorização de 12,10%, acima dos 10,87% do CDI.

“O fundo encerrou o ano com ganhos bem distribuídos em várias estratégias, com destaque para o livro de moedas, que teve sucesso em uma série de posições, e para o livro de bolsa global”, detalhou a Verde, que segue com posição vendida no reeal, e alocação em cripto.

Do lado negativo no desempenho, pesaram as ações locais, “onde o alpha negativo no começo do ano pesou”, e renda fixa local, com perdas em posições aplicadas no primeiro semestre.