São Paulo, 18/11/2024 – Analistas do Morgan Stanley rebaixaram a recomendação de ações brasileiras para “venda”, em meio a preocupações fiscais, citando inclusive riscos elevados de dominância fiscal, embora o banco americano veja espaço para um cenário otimista, a depender de mudanças do modelo de crescimento e de uma redução dos juros e gastos.
“O cenário otimista para Brasil se relaciona com rebalanceamento do crescimento, direcionado a investimentos e exportações, ante gastos do governo e consumo, via baixas taxas de juros e baixos gastos. Um cenário pessimista é o de dominância fiscal, guiado pela continuidade dos atuais gastos”, avaliaram analistas do Morgan Stanley, liderados por Nikolaj Lippmann, em relatório a clientes divulgado ontem.
Na visão do Morgan, no atual momento, é “difícil” ver expansão de múltiplos locais, em um momento no qual os juros encontram-se em patamares elevados e seguem avançando, enquanto o crescimento está sob risco. O banco também vê o Brasil com a maior relação risco-retorno em termos de América Latina, com beta abaixo de 1,0.
“As taxas de juros precisam recuar no Brasil e o mercado precisa se afastar dos riscos associados à dominância fiscal. Iremos monitorar sinais de mudanças no curso por autoridades locais que podem se afastar de dívida e gastos do governo, em direção a investimentos e menores taxas de juros”, complementaram os analistas, ao comentar o que poderia justificar mudança para um viés mais otimista.
De acordo com o Morgan, esse cenário otimista para o Brasil envolveria um aumento nas exportações, especialmente nos setores de petróleo e agricultura, além de uma possível agenda de desregulamentação. Também na visão da instituição, a região da América Latina enfrenta desafios significativos, ao se analisar as perspectivas para 2025.
De acordo com o Morgan, os países latinos em geral enfrentam grandes dificuldades fiscais, especialmente o Brasil, onde a combinação de baixo desempenho fiscal com altos gastos pode levar a uma “dominância fiscal”, afetando a estabilidade econômica.
“América Latina lida com populismo, uma classe de ativos de mercados emergentes globais desafiada, ajustando-se a um mundo multipolar e com disciplina fiscal, mas não se ajustando à Inteligência Artificial e inovação. Há cenário otimista para Brasil e México, mas ainda é muito cedo para montar um portfólio em torno disso, e as coisas podem piorar antes de melhorarem.”
O Morgan Stanley também rebaixou a recomendação para ações do México para “venda”, citando riscos para as perspectivas de comércio com os Estados Unidos, e na esteira de riscos em torno de populismo, reformas institucionais do novo governo local e tarifas. “É muito cedo para traçar um caminho de saída, ainda que se argumente que o México poderia se beneficiar de potenciais tarifas impostas por Trump em vários cenários.”
No acumulado de 2024 o Ibovespa acumula uma queda de 5,02%.
(GP + LB | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)