Economista falou ao Movercast, do TC

Eleição municipal será chave para política fiscal, alerta Equador Investimentos

Eleição municipal será chave para política fiscal, alerta Equador Investimentos

São Paulo, 24/09/2024 – As eleições municipais, geralmente não seguidas tão de perto pelo mercado financeiro quanto as presidenciais, devem ganhar importância maior neste ano, e serão decisivas inclusive para o futuro da política fiscal do governo federal, disse o sócio e economista-chefe da Equador Investimentos, Eduardo Velho.

“Não sou especialista em política, mas tem que analisar um pouco. Vai ser muito importante para o fiscal. Se o governo (do presidente Lula) tiver mais derrotas nos municípios, em termos de números de prefeitos, vereadores, nas capitais mais relevantes, vai ter mais pressão de gastos”, disse Velho, que participou ontem à noite do MoverCast.

“E é pressão lá no Banco Central”, acrescentou ele, ao comentar que alas do governo devem tentar convencer o futuro presidente do Banco Central indicado por Lula, Gabriel Galípolo, a antecipar um novo ciclo de alívio nos juros.

“A partir daí vão começar a olhar 2026. Então você ter um governo onde a taxa de juro está subindo ainda, é difícil. Como o BC vai administrar isso? Claramente vai ter uma pressão política para tentar cair juros no segundo semestre”, disse Velho.

E, para ele, o quadro atual não deve permitir redução da Selic tão cedo, e inclusive deve haver novas altas da taxa de juro, dada a inflação rodando acima do centro da meta, as expectativas inflacionárias desancoradas e a política fiscal ainda expansionista.

“Uma coisa que sempre acreditei é que quando o Galípolo assumir não vai fazer nenhuma besteira. Achei até que o grupo dele (diretores indicados por Lula) iam tentar manter a taxa Selic. Mas cair os juros acho muito difícil, até mesmo com essa nova diretoria”.

AÇÔES

Olhando os mercados na atual conjuntura, ações mais defensivas e com exposição a receitas em dólar podem ser mais atraentes, disse Velho, enquanto setores como o varejo devem seguir com cenário complicado.

“Uma ação que meu sócio adora é a Embraer, Estamos com os papéis já há algum tempo. Empresas que têm mais receita em dólar, ou menos endividadas em dólar”.

Na conversa, transmitida ontem no MoverCast, antes de a China aprovar estímulos monetários mais à noite, Velho também sugeriu alguma alocação em papéis ligados a commodities, em uma aposta justamente em possíveis medidas chinesas.

Hoje, após a o Banco do Povo da China lançar o maior pacote de estímulos desde o início da pandemia, ações de Vale e Petrobras lideravam em contribuição ao índice Ibovespa, impulsionada justamente pelo movimento de alta das commodities em reação às notícias.