São Paulo, 16/9/2024 – Um novo ciclo de alta de juros no Brasil pelo Comitê de Política Monetária (Copom) já está contratado pelo mercado, porém o mais importante na decisão desta semana será o tom do comunicado da autarquia, sob risco de não produzir o efeito desejado na economia local, disse o ex-diretor do BC, Tony Volpon, em entrevista à TC News nesta segunda-feira.
“Se o comunicado do BC for ‘envergonhado’, o efeito das altas nos juros pode não ser como o desejado, pois um ciclo que tende a ser mais curto necessita de posições racionais e duras o suficiente para que a autarquia consiga assegurar seu compromisso com a meta de inflação”, afirmou Volpon.
De acordo com o ex-BC, a recente depreciação do real ante o dólar, expectativas de inflação que seguem desancoradas, e indicações de atividade econômica local operando acima da capacidade são três pilares que apoiam, hoje, um novo ciclo de alta dos juros.
Quando questionado sobre o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, Volpon disse que o atual diretor, que assumirá a chefia da autarquia em 2025, precisa melhorar sua postura em momentos de comunicação com o mercado.
Em ocasiões recentes, Galípolo chegou a se manifestar dizendo que algumas de suas falas haviam sido mal interpretadas pelo mercado, e houve quem avaliasse que ele e outros membros do BC estariam falando demais.
“Galípolo tem um estilo mais informal, fala com o público sem usar apresentações oficiais e essa postura não é adequada para um presidente de Banco Central”, afirmou Volpon, em referência ao peso de cada palavra dita por um chefe da autoridade monetária.
FEDERAL RESERVE
Em relação aos Estados Unidos e ao futuro da política monetária, Volpon acredita que o Federal Reserve deve iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com um corte de 50 pontos-base, para trazer mais credibilidade e apoiar a gestão de risco do banco central, tendo em vista que “atualmente o principal risco seria manter os juros em um patamar extremamente contracionista”.
Volpon também pontuou que a recessão na economia americana não veio, e o cenário de “soft landing”, ou pouso suave, está mais fortalecido nos EUA, com sinais de uma desaceleração na economia.
(LB | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)