São Paulo, 27/6/2024 – A poeira está baixando na Petrobras após preocupações geradas pela troca de comando na estatal, avaliou o time do Bank of America em relatório nesta quinta-feira, elevando recomendação das ações para “compra”, vendo o ativo inclusive como uma “proteção” contra incertezas na política fiscal brasileira.
“Os retornos da Petrobras ao acionista devem continuar atraentes no curto prazo. Além disso, dada a situação fiscal delicada do Brasil hoje, vemos alta probabilidade de a Petrobras pagar o restante de R$22 bilhões retidos em reserva de capital no 4º tri de 2023, elevando ainda mais os retornos”, escreveram os analistas Caio Ribeiro, Leonardo Marcondes e Mariana Leite, do BofA.
Dividendos maiores da estatal beneficiariam o cofre do governo, que é o maior acionista da companhia, ajudando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a alcançar metas para as contas públicas, cujo cumprimento tem sido colocado em dúvida pelos agentes do mercado.
O BofA elevou o preço-alvo para os papéis PN da Petrobras a R$47, ante R$42, representando potencial upside de 26,7% frente ao fechamento na véspera, de R$37,09. Por volta das 12h45, o papel subia 1,38%, a R$37,60.
Desde a posse de Magda Chambriard, que sucedeu Jean Paul Prates no cargo de CEO por decisão do presidente Lula, a Petrobras sinalizou que manterá a política de combustíveis, eterna preocupação quanto a possíveis interferências políticas na companhia, e é improvável aumento significativo de investimentos no curto prazo, segundo o BofA.
Embora Chambriard tenha prometido “acelerar” os planos da Petrobras, decisões finais de investimento na empresa passam por diversas áreas, como comitês de risco, o que pode servir como “barreira”, e a estatal geralmente não consegue entregar mais do que 80% do CAPEX projetado, acrescentou o banco.
Além disso, o acordo da Petrobras para quitar obrigações fiscais com o Carf foi “melhor que o previsto”, e as ações da companhia parecem se destacar na comparação com pares na América Latina e no cenário internacional.
“Acreditamos que, sob cenários de preços do petróleo mais fortes, a Petrobras pode ter um desempenho melhor que seus pares internacionais”, escreveu a equipe do BofA, ao destacar que as operações de exploração e produção são o principal fator de geração de valor para a empresa, devido às substanciais reservas offshore da companhia.
“Embora possa haver algum ruído político com a recente mudança na gestão, não esperamos uma mudança significativa na estratégia da empresa, pelo menos no curto prazo”, finalizou o BofA, que continua projetando retornos e dividendos fortes para a companhia neste e no próximo ano.
No acumulado do ano, os papéis da Petrobras PN acumulam alta de 11,01%, ante desempenho negativo de 8,01% do Ibovespa.
(Luciano Costa | Edição: Gabriel Ponte | Comentários: equipemover@tc.com.br)