Galípolo/BC: aumentos do dólar e das expectativas de inflação incomodam

São Paulo, 25/06/2024 – O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, que está no centro dos holofotes por ser visto como provável sucessor de Roberto Campos Neto no comando da autarquia, disse que a ata de reunião do Comitê de Política Monetária do BC divulgada hoje reflete totalmente seus pensamentos, e revelou incômodo do colegiado com as expectativas da inflação.

Em participação em ´live´ da Warren Investimentos, Galípolo disse que a ata de hoje cita ´interrupção´ do ciclo, mas que isso não representa um compromisso, sinalização, ou guidance. Um pouco antes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse a jornalistas que viu no texto uma sinalização do BC sobre uma paralisação apenas temporária no ciclo de cortes de juros.

Na conversa com a Warren, Galípolo reafirmou o compromisso “permanente” do BC de manter a SELIC “em patamar suficiente e pelo tempo necessário” para garantir o cumprimento das metas de inflação, destacando que não é papel da autoridade monetária “ser tomador de risco”.

Galípolo disse que, na decisão do BC de manter o nível da taxa Selic em 10,5%, pesou a mudança “bastante acentuada” no cenário do câmbio, o dinamismo do mercado de trabalho e as expectativas de inflação para 2025 e adiante.

O diretor do BC disse que está se aprofundando uma dissonância entre a inflação corrente e as expectativas, o que não é muito corriqueiro, e que, “se as coisas piorarem”, o BC “vai reagir, com certeza”, mas, se melhorarem, também.

Galípolo ainda afirmou que o Copom é um ambiente de “maior honestidade intelectual e colaboração possível”, voltando a minimizar a divisão do colegiado na penúltima reunião, e disse que os diretores não podem entrar nas reuniões com medo de críticas, sob risco de tomarem decisões equivocadas.

FISCAL e LULA
Questionado sobre a política fiscal do governo federal, vista como muitos como fator para desancoragem das expectativas, Galípolo não quis comentar muito, dizendo que respeita a separação de funções, mas reconheceu o esforço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nessa área, e garantiu que o BC não usará como ´muleta´ ou ´desculpa´ para não cumprir a meta.

Sobre fala recente do presidente Lula, que adiantou que pretente indicar um nome “maduro” e “calejado” para chefiar o BC, o que foi visto como sinal contrário a Galípolo, o diretor brincou. “Quase fiquei contente, acharam que sou novo”.

Confira, a seguir, destaques da entrevista publicados ao vivo no Painel Mover Pro, do TC.

GABRIEL GALÍPOLO, DIRETOR DO BC, FALA EM LIVE DA WARREN INVESTIMENTOS

GALÍPOLO: PALAVRA ´INTERRUPÇÃO´ EM ATA COPOM NÃO É SINALIZAÇÃO, COMPROMISSO OU GUIDANCE

GALÍPOLO/BC: ATA E COMUNICADO DO BC REPRESENTAM PLENAMENTE O QUE ESTÁ NA MINHA CABEÇA

GALÍPOLO/BC: TIVEMOS MUDANÇA BASTANTE ACENTUADA NO CENÁRIO DE CÂMBIO

GALÍPOLO/BC: ECONOMIA VEM DEMONSTRANDO DINAMISMO MAIS RESILIENTE

GALÍPOLO: AO BC CABE COLOCAR SELIC EM PATAMAR SUFICIENTE PELO TEMPO NECESSÁRIO

GALÍPOLO: PROCESSO DE REAFIRMAR COMPROMISSO BC COM AÇÕES SERÁ PERMANENTE

GALÍPOLO: FOCUS COLABORA MUITO, É SUBSÍDIO IMPORTANTE PARA POLÍTICA MONETÁRIA

GALÍPOLO: BC ´SABE CONSUMIR´ DADOS DO BOLETIM FOCUS PARA SUAS DECISÕES

GALÍPOLO: FUNÇÃO DO BC NÃO É SER TOMADOR DE RISCO, É SER MAIS CAUTELOSO