Na véspera da Assembleia de Acionistas convocada para tirar a Kora Saúde do Novo Mercado, marcada para amanhã (05), a B3 determinou que dois dos acionistas da empresa são vinculados ao controlador e, portanto, não podem participar da Assembleia. Sem eles, a Kora não consegue quórum para a votação e terá que cancelá-la.
Os dois acionistas – Bruno Moulin Machado e Ivan Lima – são fundadores da Kora. Juntos, detêm cerca de 10% da empresa, metade do free float, hoje em 20,3%. Alinhados ao controlador, eles seriam fundamentais para garantir a saída da Kora do novo mercado.
Não só a retirada do NM incomodou os minoritários da Kora. Talvez a principal questão diz respeito a uma OPA de R$0,87 também proposta pela companhia sem que o laudo de avaliação fosse avaliado pelos minoritários. Em 2021, o fundo de private da HIG vendeu o preço de cada ação a R$7,20. Segundo um gestor ouvido pelo FLJ, “como pode uma companhia fazer um IPO dois anos atrás a R$7,20 e oferecer agora uma OPA ao preço de R$0,87 com a empresa voltando a dar lucro?”
A OPA estava condicionada à saída da Kora do novo mercado. Portanto, segundo um minoritário, não haverá OPA a R$0,87 – mesmo porque, dentro da governança do novo mercado, segundo ele, aceitariam vender por esse preço apenas os acionistas que quisessem.
Dois gestores ouvidos pelo FLJ especulam que, por trás da estratégia inicial da HIG Capital estaria algum fundo disposto a fazer um grande aporte na Kora Saúde. “Tá com cara que alguém vai colocar recursos que farão a ação subir a R$2, por exemplo. Saindo do novo mercado, e com uma OPA a R$0,87, apenas o bloco controlador ficaria com esse ganho. Agora o plano deles está comprometido”