São Paulo, 14/03/2024 – A Eletrobras pretende chegar ao final do ano com custos de pessoal, material, serviços e outros — conhecidos pela sigla PMSO — em patamar 25% menor que antes da privatização, segundo meta divulgada hoje pelo CEO da ex-estatal, Ivan Monteiro.
“O número que perseguimos no orçamento deste ano é um PMSO de R$7 bilhões”, disse Monteiro, em teleconferência com investidores hoje, após balanço. A Eletrobras reportou lucro líquido de R$893 milhões para o quarto trimestre, revertendo prejuízo de R$479 milhões no mesmo período de 2022. Foram propostos dividendos de R$1,29 bilhão referentes a 2023.
Em 2021, último ano como estatal, a Eletrobras fechou com PMSO de R$9,3 bilhões. Em 2023, o PMSO foi R$8,9 bilhões, queda de 11%, em meio a dois Planos de Demissão Voluntária em andamento que geram custo de R$1,7 bilhão, mas projetam retorno de R$1,8 bilhão em 12 meses após conclusão.
Segundo Monteiro, “não é esperado que a companhia volte a anunciar PDVs”. Ele disse que, no campo de pessoal, o foco está negociações com trabalhadores e sindicatos sobre o acordo coletivo de trabalho dos funcionários.
O acordo coletivo atual é válido até o final de abril, e sindicatos pediram uma prorrogação por 60 dias, durante as negociações, que ainda não começaram oficialmente, mas a Eletrobras resiste a prorrogar o prazo, disse uma fonte à Mover.
Hoje a Eletrobras só pode fazer cortes por processos de PDV, mesmo já privatizada, e eventualmente mudanças poderiam dar à empresa mais liberdade para dispensas. Mas os sindicatos querem negociar um “PDV permanente”, temendo um “massacre da serra elétrica”, disse a fonte, que acompanha de perto o assunto.
LIMPANDO O BALANÇO
A Eletrobras teve o quarto trimestre impactado por provisões operacionais de R$3,5 bilhões, contra R$1,5 bilhão há um ano, mas com itens não recorrentes, de acordo com o CEO, Ivan Monteiro.
“Estamos buscando retirar do balanço da companhia os efeitos não recorrentes. A cada dia que passa a administração se sente mais confortável de que conhece os caminhos, os rumos, e vai perseguir uma Eletrobras com muito mais previsibilidade de resultados”, afirmou, na teleconferência.
O Itaú BBA e a Genial Investimentos destacaram a redução do estoque de passivos com o chamado ´empréstimo compulsório´, herança de medidas de governos brasileiros ainda nos anos 1960, que caíram em R$1,9 bilhão no trimestre, para R$17 bilhões
CONCILIAÇÃO NO STF
Questionado por analistas, ele não quis comentar o andamento de negociações com o governo para eventual acordo em torno de ação da União no Supremo Tribunal Federal que questiona regras da privatização da Eletrobras, pedindo aumento dos votos estatais na empresa.
“Com relação às negociações na Câmara de Conciliação, é sigiloso, não podemos fazer qualquer comentário”, disse Monteiro.
A XP disse em nota a clientes hoje que mantém em seu cenário a possibilidade de acordo no STF, mesmo que seja necessário prorrogação de prazo.
O governo quer que a Eletrobras antecipe recursos que ela direciona para aliviar tarifas, conforme previstos na lei de privatização. “Interessa mais ao Palácio do Planalto ter acesso antecipado aos recursos para a CDE e ter a presença ampliada no conselho do que insistir na mudança da limitação do poder político”, escreveu a XP.
Para a XP, “a convergência sobre os principais pontos parece estar estabelecida”, e um acerto “deve diminuir o nível de ruídos e trazer maior segurança jurídica para a Eletrobras.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)