Por: Márcio Aith
Durante a campanha eleitoral argentina, o então candidato Javier Milei havia prometido retirar seu país do Mercosul caso fosse eleito presidente, para aflição da diplomacia brasileira e de companhias que formam azeitadas cadeias produtivas, como a automotiva.
Nestas primeiras semanas do governo Milei, no entanto, negociadores argentinos, liderados pela chanceler Diana Mondino, estão em contato com seus pares brasileiros para discutir o contrário: formas de fortalecer o Mercosul.
O que anima em especial o Ministério das Relações Exteriores brasileiro é o surpreendente apoio argentino à conclusão do acordo do Mercosul com a União Europeia, cujas negociações andavam de mal a pior.
A sinergia é tamanha que diplomatas que estão em contato com a Comissão Europeia agora acham possível concluir as negociações na janela de oportunidade que vai até fevereiro – depois da qual tudo fica mais difícil porque começa o processo eleitoral para a renovação do Parlamento europeu, seguido da escolha da Comissão Europeia.
A lógica é aproveitar o surpreendente posicionamento argentino e a janela de oportunidade para acelerar o acordo.
O governo brasileiro não vê com preocupação as declarações contrárias ao acordo feitas pelo presidente francês Emmanuel Macron. No início de dezembro, Macron disse que o acordo negociado é “antiquado” e “mal remendado”.
Segundo negociadores brasileiros, a fala de Macron foi “jogo de cena”, pois quem decide negociações comerciais é a Comissão Europeia, e quem as aceita ou rejeita são o Conselho e o Parlamento europeus. Nesse processo, países não têm poder de veto, e acordos comerciais não passam por parlamentos nacionais.
A ver…