Vale volta a frustrar em metais básicos, mas analistas veem potencial na unidade com novo sócio

A produção de níquel da mineradora fechou 2022 em 179 mil toneladas, avanço de 6,4% ante 2021, e apenas ligeiramente abaixo da meta revisada da companhia para o ano, de 180 mil toneladas

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Por: Luciano Costa

A divisão de metais básicos da Vale, para a qual a mineradora busca um sócio estratégico, voltou a frustrar expectativas em 2022, apesar das sinalizações positivas em níquel e nos volumes de vendas, o que gera expectativas favoráveis para a unidade no futuro, segundo analistas ouvidos pela Mover.

A produção de níquel da mineradora fechou 2022 em 179 mil toneladas, avanço de 6,4% ante 2021, e apenas ligeiramente abaixo da meta revisada da companhia para o ano, de 180 mil toneladas.

Em cobre, a Vale produziu 253 mil toneladas, contra 260 mil da meta, revista em dezembro. O número ficou bem abaixo da projeção divulgada pela empresa em novembro de 2021, de 330 mil a 355 mil toneladas para 2022. Na ocasião, a Vale previa entre 175 mil e 190 mil toneladas no níquel para o ano passado.

“Com relação à divisão de metais básicos, seguimos observando uma produção abaixo do potencial, mas já vemos melhora na dinâmica de preços; e, diante dos preços atuais do cobre e do níquel, acreditamos que a divisão já contribuirá mais para os resultados do quarto trimestre”, escreveram analistas da Ativa Corretora.

Para a equipe da Ativa, esse conjunto de ativos da Vale, que inclui operações no Canadá, no Pará e na Indonésia, “começa a dar maiores sinais de seu poder de monetização”.

Analistas do Bradesco BBI também seguem a divisão da companhia, de olho na intenção da Vale de atrair um investidor para o negócio. “Acreditamos que os investidores (e nós mesmos) esperam entregas consistentes no front operacional nos próximos trimestres, o que deve ser um pilar importante para a narrativa de que os ativos têm potencial para uma nova avaliação no futuro”.

A Vale confirmou em 5 de outubro que contratou assessores para apoiar uma potencial venda de parte de sua unidade de metais básicos, visando destravar a geração do valor das operações, possivelmente com a atração de um sócio com conhecimento do setor.

O jornal britânico Financial Times publicou na época que a Vale poderia levantar US$2,5 bilhões com a transação, baseado no potencial de metais como níquel e cobre para a transição energética — ambos são usados para produção de baterias, por exemplo.

A divisão de metais básicos da Vale já havia ficado abaixo das projeções em 2021, quando a companhia produziu 168 mil toneladas de níquel e 297 mil de cobre, ante metas de 200 mil e 390 mil, respectivamente, divulgadas em dezembro de 2020.

A companhia ainda não alcançou as estimativas daquela época, quando projetava produção média de 455 mil toneladas de cobre por ano entre 2022 e 2024, e 200 mil toneladas anuais de níquel entre 2021 e 2023.

“O ritmo das operações da Vale deve continuar a se recuperar (de mínimas), uma vez que a produção e custos devem melhorar nos próximos trimestres, tanto para a divisão de minério de ferro quanto de metais básicos”, escreveram os analistas do BTG.

Em geral, os analistas destacaram as vendas da Vale principalmente em níquel, que superaram expectativas, devido ao uso de estoques, enquanto o desempenho em cobre foi visto como decepcionante.

As ações da Vale operavam em queda de 1,9% na B3 por volta das 16h44, com a frustração de metas em minério de ferro e metais básicos, e com a queda do minério de ferro na China hoje.