Vale (VALE3) decepciona no 2T23 com lucro bem abaixo das expectativas

Mercado esperava números bilionários, mas resultado ficou na casa dos milhões

Divulgação/Vale
Divulgação/Vale

Por Erick Matheus Nery, com informações da Mover — atualizado às 20h30

A Vale (VALE3) terminou o segundo trimestre de 2023 (2T23) com um lucro líquido de US$ 892 milhões, sendo que o consenso do mercado era de que a principal mineradora do País apresentasse resultados na casa dos US$ 2 bilhões. De acordo com as informações divulgadas pela empresa nesta quinta (27), o resultado deste ciclo foi 78% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado.

Confira os principais números do balanço da Vale do 2T23:

  • Receita líquida: US$ 9,6 bilhões — US$ 11,1 bilhões no 2T22;
  • Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado: US$ 3,8 bilhões — US$ 5,2 bilhões no 2T22
  • Lucro líquido: US$ 892 milhões — US$ 4 bilhões no 2T22;

“O lucro líquido foi afetado por um imposto diferido. As projeções de custo-caixa aumentaram de 20 para 22 dol/ton e o custo all-in de 47 para 53 dol/ton. Isso pode fazer preço, mas como vimos bastante casas atualizando as modelagens nos últimos meses, pode ser que já tenha feito preço nas ações”, afirma Vinicius Steniski, analista do TC Matrix, em entrevista ao Faria Lima Journal (FLJ).

À reportagem, o analista afirma que mesmo que o resultado seja negativo à primeira vista, os números da empresa trazem notícias positivas para os investidores: “A barragem do Torto obteve licença de operação e isso vai melhorar a qualidade geral do minério, tendo como resultado uma disponibilidade maior de pellet feed que produzirá pelotas com alto teor e preços com prêmios maiores (já havia sido divulgado isso no relatório de produção). A assinatura de acordo com a Manara Minerals que pagara US$ 3,4bi por 13% do negócio de metais básicos (valor e fatia do negócio maiores do que estava planejado)”.

A segunda maior produtora de minério de ferro do mundo ainda aprovou juros sobre capital próprio de R$8,27 bilhões, a serem distribuídos aos acionistas em 1º de setembro, no valor de R$1,91 por ação. Os papéis ficam ex-direitos em 14 de agosto.

O desempenho da Vale no período foi afetado pelo resultado financeiro negativo em US$ 157 milhões, devido à apreciação do real e menor marcação a mercado das debêntures participativas da companhia. Também pesaram tributos sobre lucros que haviam sido diferidos, referentes a provisões da Fundação Renova, após o plano de recuperação judicial da Samarco.