Temor de crise na China explica 13 quedas seguidas do Ibovespa

Veja como o mercado opera nesta quinta-feira

B3/Divulgação
B3/Divulgação

Por: Luca Boni e Fabricio Julião

Segue o resumo dos mercados e os principais fatos e notícias que motivaram investidores na manhã desta quinta-feira.

IBOVESPA

O Ibovespa apagava os ganhos e oscilava perto da estabilidade, sob pressão das ações do setor financeiro, de um lado, e impulso de mineradoras e siderúrgicas, que avançavam em linha com o salto do minério de ferro na China.

Por volta das 12h10, o Ibovespa caía 0,06%, aos 115.404 pontos. O volume de negócios projetado para a sessão é de R$20,3 bilhões, acima da média de 50 pregões.

No exterior, as atenções continuam voltadas à situação da atividade econômica da China. Mais cedo, o banco americano Morgan Stanley cortou a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) do gigante asiático deste ano de 5% para 4,7%, um dia após o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, afirmar que pretende atingir as metas de crescimento.

Entre as ações, as ON da Vale, da CSN e as PN da Gerdau avançavam 2,44%, 0,33% e 0,20%, respectivamente, em linha com o salto de mais de 4% do contrato futuro do minério de ferro na bolsa de Dalian. O Índice de Materiais Básicos subia 0,68%, liderando as altas entre os índices da B3.

As ON e PN da Petrobras subiam 0,67% e 1,08%, na sequência, também impulsionando o índice. Os contratos futuros do petróleo Brent avançavam cerca de 1,5%.

As ON da Totvs, as PN da Bradespar e as ON da CVC subiam 2,30%, 2,07% e 1,98%, respectivamente, figurando entre as maiores altas percentuais.

Na ponta oposta, as ações do setor financeiro intensificavam o movimento de queda. As ON da B3, as PN do Bradesco e do Itaú recuavam 1,74%, 1,11% e 0,74%, respectivamente, sendo as maiores detratoras do Ibovespa.

As ON da YDUQS, da Via e as PN da Alpargatas cediam 5,51%, 4,47% e 4,19%, nesta ordem, entre as maiores quedas percentuais da sessão.

Perto das 12h12, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, concedia uma entrevista para o portal Poder360, o que pode movimentar os mercados ainda hoje.

No âmbito econômico, o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) registrou deflação de 0,13% em agosto, após ter recuado 1,10% em julho, o que sinaliza que o recuo dos preços vem perdendo força com a retomada dos preços de algumas commodities.

EXTERIOR

Os principais índices acionários operavam sem direção definida em Nova York, com investidores ainda digerindo a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), que sinalizou possíveis novas altas nos juros americanos. Investidores também repercutem novos dados de emprego nos Estados Unidos.

Perto das 12h10, o Dow Jones e o S&P500 avançavam 0,10% e 0,06%, respectivamente, enquanto o Nasdaq 100 caía 0,31%. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos subiam 5,2 pontos-base, a 4,304%, e os de dois anos – mais sensíveis à política monetária – tinham leve queda de 0,4 pb, a 4,965%.

Na ata divulgada ontem, membros do Federal Reserve citaram que ainda veem a inflação nos EUA “inaceitavelmente alta” e, por isso, observam a possibilidade de realizar novos aumentos de juros no país. Para o Comitê, serão necessárias novas evidências para ter confiança de que os preços da economia estão em direção à meta de 2%.

O documento citou ainda que o mercado de trabalho resiliente nos EUA é outro elemento que pode causar uma possível alta adicional nas Fed Funds. Mais cedo, o país divulgou que os pedidos semanais de seguro desemprego no país atingiram 239 mil, levemente abaixo do consenso e menores do que os registrados na semana anterior, o que confirma a força no mercado de trabalho americano.

JUROS

As taxas de contratos dos juros futuros operavam em alta, acompanhando os avanços do rendimento das Treasuries americanas. O movimento ocorre em meio às expectativas sobre novos aumentos na taxa de juros dos EUA neste ano.

Por volta das 12h10, os DIs com vencimento em jan/24 e jan/25 operavam estáveis, a 12,44% e 10,53%, respectivamente. Os vértices para jan/27 e jan/31 avançavam 7 pbs, a 10,30% e 11,14%, na mesma ordem.

Nos EUA, os títulos do Tesouro americano seguem com rendimentos em alta, com vislumbres de continuação do aperto monetário pelo Fed. Os rendimentos das Treasuries de dez anos avançam 5,0 pbs na sessão, a 4,296%, e se aproximam do maior patamar desde novembro de 2007.

No mercado doméstico, o Tesouro Nacional realizou o tradicional leilão de prefixados de quinta-feira e vendeu todos os títulos ofertados: 9,5 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTNs) e 2 milhões de Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-Fs).

O apetite dos investidores por prefixados ocorre em meio às expectativas de parte do mercado de que o Banco Central do Brasil irá acelerar o ciclo de cortes da Selic, com redução de 75 pbs na taxa básica de juros nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

CÂMBIO

O dólar operava em queda ante o real, em dia de depreciação da moeda americana no exterior. O movimento ocorre após sucessivas valorizações do dólar nas últimas sessões, o que chegou a fazer com que a taxa de câmbio voltasse ao patamar dos R$5,00.

Por volta das 12h10, o dólar à vista recuava 0,14%, a R$4,9814, enquanto o dólar futuro caía 0,15%, a R$4,995. 

A moeda americana cedia diante de 19 de 22 divisas acompanhadas pela Mover, devido às sinalizações de que a China deve adotar novas estratégias para angariar o crescimento desejado. Hoje, o banco central chinês afirmou que sua política monetária deve ser “precisa e contundente” para sustentar a recuperação econômica do país.