Super Quarta: O que esperar das decisões do Fomc e do Copom?

Tom do comunicado deve chamar mais a atenção do que a decisão em si

Agência Brasil
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Por Bruno Andrade

O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) e o Federal Open Market Committee (FOMC) do Federal Reserve (Fed) vão decidir as taxas de juros nesta quarta-feira (3).

A expectativa dos analistas é que o banco central americano eleve a taxa de juros, conhecida como Fed Funds, em 0,25 ponto percentual. Sendo assim, o esperado é que o Fed Funds saia da faixa entre 4,75% e 5% e fique entre 5% e 5,25%.

Para o analista da VG Research Guilherme Morais, o aumento da taxa de juros é consenso para o mercado, pois o pronunciamento de Jerome Powell após a divulgação é considerado como a principal pauta desta reunião.

“O principal ponto de atenção será a sinalização das próximas reuniões, pois durante a reunião de março, o Fed indicou que o último aumento na taxa de juros será realizado na reunião desta quarta-feira”, disse.

“Caso o comitê indique novos aumentos, esta notícia será a de maior impacto no mercado”, afirmou Morais.

Ele comenta também que apesar do anúncio sobre a aquisição do First Republic Bank pelo JP Morgan, novas informações sobre a situação bancária podem trazer maior volatilidade, pois se trata de um assunto que não foi totalmente concluído em março e abril.

Desse modo, a expectativa do mercado é uma sinalização de que esta é a última alta de juros. Ainda assim, Guilherme Morais comenta que as próximas decisões do Fed serão realizadas de acordo com os dados econômicos que ainda devem ser divulgados.

“Caso os dados de mercado de trabalho e consumo de bens e serviços, considerados hoje os principais gatilhos para a inflação, se mantivessem aquecidos, não descartaria a possibilidade de novos aumentos no segundo semestre, o que assustaria o mercado”, explicou.

A decisão do Copom

Já sobre o Copom, os analistas caminham para um consenso. Segundo o economista-chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho, a expectativa do mercado em relação à decisão do Copom é de manutenção da Selic em 13,75% ao ano.

“O que realmente vai mexer com o mercado será o tom do Copom, principalmente em relação ao novo arcabouço fiscal. Outro fator que o mercado vai ficar atento é se o Copom vai deixar algum sinal de quando vai baixar o juros”, disse Carvalho.

Na visão do economista e sócio da DOM Investimentos Thiago Calestine, não haverá uma sinalização de corte de juros no comunicado de hoje.

“Campos Neto não vai sinalizar o corte, pois se isso acontecer o mercado vai começar precificar e as taxas de juros podem ter uma leve queda, o que pode gerar um repique de inflação”, afirmou.

Outro ponto levantado por Calestine é que se Campos Neto sinalizar quando será o corte de juros, as pressões do presidente da República, Lula (PT), podem aumentar.

“Se ele disser quando vai cortar, o Lula dificilmente vai ficar quieto. É mais provável que o presidente da República ainda reclame, dizendo que está cortando muito tarde”, explicou.

“Além disso, Lula pode até querer se reunir com Campos Neto para definir qual seria a magnitude do corte, o que coloca em risco a autonomia do Banco Central”, argumentou Thiago Calestine.

Por fim, o estrategista-chefe da Acqua Vero, Antonio van Moorsel, comenta que o tom do Copom deve ser tão duro quanto o anterior.

“O comunicado deve manter aquele recado de que o Banco Central não descarta retomar o ciclo de alta de juros caso a inflação não tenha sido controlada, ou seja, não teremos grandes mudanças, visto que as expectativas não mudaram”, concluiu.