Por: Artur Horta
O Santander Brasil, terceiro maior banco privado do país, divulgou nesta terça-feira um forte recuo nos resultados do primeiro trimestre de 2023, em meio a cenário visto como desafiador para o setor neste ano, mas superou estimativas pessimistas do mercado para o balanço.
Impulsionado pelo desempenho na captação e volume de empréstimos, além de maiores spreads que seguiram a tendência de alta da taxa de juros, o Santander registrou lucro líquido gerencial de R$2,14 bilhões, queda de 46,6% na base anual, porém acima do consenso Mover de R$1,94 bilhão. O lucro societário foi de R$2,06 bilhões, recuo de 47,7% no período.
A margem financeira alcançou R$13,15 bilhões, queda de 5,7% na base anual, mas também acima do consenso Mover de R$12,71 bilhões. O número reflete o resultado negativo da margem com mercado, por conta da “sensibilidade à curva de juros”, disse o Santander. A margem com clientes, por outro lado, retomou o crescimento após dois trimestres de queda, com maiores volumes e spreads.
A rentabilidade sobre patrimônio do banco, conhecida pela sigla ROAE, foi de 10,6%, recuo de 10,1 pontos percentuais ante o mesmo período do ano anterior, mas acima da estimativa de analistas, de 7,6%.
Analistas de bancos de investimento projetaram que o Santander Brasil deveria mostrar os piores resultados entre os “bancões” do país no primeiro trimestre, com Banco do Brasil e Itaú se destacando na ponta positiva.
Maior banco com controle estrangeiro em atuação no país e com notável presença no crédito de pessoas físicas, o Santander Brasil buscou negociar com devedores e tem adotado uma postura cada vez mais conservadora em relação ao crédito ao longo trimestres, em meio à alta da taxa de juros e dos níveis de inadimplência.
A carteira de crédito expandida do banco cresceu 12,3% na base anual, para R$586,35 bilhões com destaque para o segmento de pessoa jurídica. O índice de inadimplência acima de 90 dias ficou em 3,2%, ante 3,1% no trimestre anterior.
Já as despesas com provisões para crédito de liquidação duvidosa alcançaram R$11,0 bilhões entre janeiro e março, alta de 138,5% no comparativo anual. O número leva em conta um “fortalecimento do balanço” feito durante o trimestre para questões tributárias em discussão na Justiça, de acordo com o banco. Sem o fortalecimento, as provisões para crédito de liquidação duvidosa seriam de R$6,77 bilhões, alta de 46,7% ano a ano.
O índice de cobertura, por vez, subiu 29,6 pontos percentuais na base anual, para 244%.
As units do Santander Brasil (SANB11) encerraram o pregão de segunda-feira em queda de 0,93% na B3, cotadas a R$26,71. No acumulado do ano, os papéis caem 3,78%
TELECONFERÊNCIA
O Santander Brasil espera uma alta moderada nos “spreads” de crédito para os próximos trimestres, à medida em que busca por clientes e produtos de maior qualidade, disse o diretor-presidente do banco, Mario Leão, em teleconferência de resultados com analistas e investidores.
O movimento reflete uma estratégia do terceiro maior banco privado do país, que tem sido mais conservador nos últimos meses, devido à alta da taxa de juros e efeito sobre a inadimplência. “Estamos focando em clientes e produtos de menor risco”, afirmou Leão, que prevê manter o nível de apetite pelo crédito até 2024.
A filial do banco espanhol também está mais seletiva no segmento de empresas, evitando uma exposição alta “em alguns setores”, segundo o diretor financeiro Gustavo Viviani. No entanto, o Santander Brasil não deixou de aproveitar oportunidades com grandes companhias neste momento em que as margens do crédito estão melhores, disseram os executivos.
O índice de inadimplência acima de 90 dias do banco ficou em 3,2% no primeiro trimestre de 2023, alta de 0,24 pontos percentuais na base anual. Para os diretores, é difícil dizer “quando ocorre, se o Brasil está ou não está” no pico da inadimplência, mas o portfólio de renegociação com devedores está estável, segundo Leão.
Em relação aos planos estratégicos para o futuro, o CEO disse que o Santander Brasil tem investido nas bases para ter uma boa plataforma de investimento.
Perto das 11h25, as units do Santander Brasil operavam em alta de 1,41% na B3, cotadas a R$26,74.