Ibovespa cai e dólar oscila com declarações de Powell; DIs sobem após IPCA-15

Confira a movimentação do mercado nesta sexta (25)

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Por Luca Boni e Fabricio Julião

As bolsas americanas operavam sem direção definida e com grande oscilação, após as declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, há pouco no simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos, onde ele reforçou ao mercado que o banco central está disposto a subir os juros caso seja necessário.

Perto das 12h10, o S&P500 e o Nasdaq 100 recuavam 0,24% e 0,46%, respectivamente, enquanto o Dow Jones subia 0,10%. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos avançavam 1,4 pontos-base, a 4,255%, e os de dois anos – mais sensíveis à política monetária – subiam 5,9 pbs, a 5,080%.

No evento que reúne banqueiros centrais de todo o mundo, Powell ressaltou que o Fed está preparado para aumentar ainda mais os juros americanos para combater a inflação e trazê-la para a meta de 2% ao ano.

Segundo o economista-chefe da Mirae Asset, Julio Netto, o discurso mostrou que o Fed está cauteloso e deixou no ar a possibilidade de novos apertos monetários.

“A impressão que passou é que Powell deve continuar em ‘sintonia fina’, monitorando os indicadores para os próximos passos. Em resumo, mostrou a cautela habitual, mas creio que deixou no ar a possibilidade de uma pausa no aperto monetário em setembro”, completou Netto.

Após o discurso de Powell, 84,5% das apostas em derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange (CME) eram na manutenção dos juros na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) de setembro. Os 15,5% restantes apostam em uma alta residual de 0,25 pontos-base.

Investidores agora aguardam o discurso da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, no simpósio, às 16hoo. Os últimos dados econômicos no bloco não foram animadores – o que pode reforçar uma trajetória menos dura na política monetária europeia.

IBOVESPA

O Ibovespa encorpava o movimento de queda, com investidores cautelosos reagindo ao discurso do presidente do Fed no simpósio de Jackson Hole. No cenário local, investidores digerem também o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) levemente acima do esperado.

Por volta das 12h10, o Ibovespa recuava 1,20%, aos 115.619 pontos, mas ainda assim caminhava para encerrar a semana em alta e interromper uma sequência de quatro quedas semanais consecutivas. O volume de negócios previsto é de R$12,9 bilhões, abaixo da média de 50 pregões.

Divulgado nesta manhã, o IPCA-15 de agosto registrou inflação de 0,28% na base mensal, acima da expectativa de 0,17% do consenso. Na comparação anual, o indicador avançou 4,24%, também acima do consenso de 4,13%.

Segundo o head de renda variável da A7 Capital, Andre Fernandes, o dado foi ruim e com alta nos núcleos. Ele destacou que o setor de serviços subjacentes voltou a acelerar, o que “esvazia as apostas” de cortes mais agressivos na Selic e reforça o plano de cortes de 0,50 ponto percentual ao longo das próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Os analistas do Itaú BBA afirmaram em relatório que a leitura do IPCA-15 de agosto corrobora com o cenário de desinflação em curso, mas indica que o processo será gradual. Na média móvel de três meses, com dados dessazonalizados e anualizados, os serviços subjacentes desaceleraram para próximo de 4,6%, ante 4,9% no mês anterior, enquanto o item de industriais subjacentes voltou a subir de 3,2% para 4,0%.

Entre os destaques, as PN do Itaú, as ON da Localiza e da Ambev recuavam 1,69%, 3,45% e 2,96%, respectivamente, e eram as maiores detratoras do índice.

As ON da CVC Brasil, da YDUQS e da Locaweb caíam 5,76%, 5,01% e 4,60%, respectivamente, figurando entre as maiores quedas percentuais do Ibovespa.

Em uma sessão predominantemente negativa para o mercado, poucas ações que compõem o Ibovespa operavam no campo positivo. Entre as maiores contribuidoras do índice estavam as ON da WEG, da São Martinho e da BB Seguridade, que avançavam 1,06%, 0,40% e 0,36%, na ordem.

As ações da São Martinho sobem impulsionadas pela divulgação de um relatório do Bradesco BBI, que elevou a recomendação para as ON da sucroalcooleira de “neutra” para “compra” e atualizou o preço-alvo do papel para R$44,00 para 2024.

JUROS

As taxas dos contratos de juros futuros operavam em alta, refletindo a inflação acima do esperado no Brasil. Investidores monitoram o avanço do rendimento das Treasuries nos EUA e digerem as declarações de Powell no simpósio do Fed, em Wyoming.

Por volta das 12h10, os DIs com vencimentos em jan/24 e jan/25 subiam 3,0 pbs e 14,5 pbs, respectivamente, a 12,42% e 10,54%. Já as taxas dos contratos para jan/27 e jan/31 avançavam 13,0 pbs e 7,0 pbs, na mesma ordem, a 10,29% e 11,07%.

A curva dos DIs opera em alta generalizada desde o início do dia, após o IPCA-15 avançar 0,28% em agosto na comparação mensal, acima dos 0,17% esperados pelo consenso.

Considerado a “prévia da inflação”, o IPCA-15 sinalizou a alta de preços mais resiliente na primeira metade de agosto e enfraqueceu a hipótese de que o Copom deve acelerar o ciclo de cortes na Selic de 50 pontos-base para 75 pbs mais à frente.

Os vértices no Brasil também avançavam em linha com os Treasury yields, que subiam após Powell dizer que não descarta novos aumentos nos juros dos EUA. Também perto das 12h10, o rendimento das Treasuries de dez anos avançava 3,0 pbs, a 4,271%, enquanto a de dois anos subia 5,5 pbs, a 5,080%. 

CÂMBIO

O dólar oscilava ante o real, com as sinalizações de Powell que podem impactar o diferencial de juros entre Brasil e EUA no radar. 

Por volta das 12h10, o dólar à vista subia 0,15%, a R$4,8890, enquanto o dólar futuro tinha alta de 0,12%, a R$4,895.

A moeda americana chegou a ceder cerca de 0,50% pela manhã, devolvendo parte dos ganhos de ontem, mas as declarações cautelosas do presidente do Fed sobre novas altas nos juros nos EUA “se necessário” tiraram o fôlego do real, que deve ser impactado em um eventual aumento das Fed Funds.

Em uma cesta de 22 moedas acompanhada pela Mover, o dólar desvalorizava apenas perante o peso mexicano, que avançava 0,19%. O Índice DXY subia 0,34%, aos 104.348 pontos.