Por Reuters
A primeira emissão de títulos da Petrobras (PETR4) desde 2021, e também da nova gestão da companhia, superou as expectativas em termos quantitativos e também qualitativos, pelo volume de recursos de US$ 1,25 bilhão emitidos, os juros da operação, a forte demanda e pelos tomadores do papéis, disse o diretor financeiro e de Relações com Investidores da petroleira, Sergio Caetano Leite.
Embora a Petrobras não tenha necessidade iminente de realizar qualquer emissão, pois está com sua dívida sob controle, a administração da companhia ainda assim buscou testar a percepção do mercado sobre as novas orientações da empresa, cuja diretoria está há menos de seis meses no cargo.
E a “compressão” da taxa de juros obtida na operação, assim como os mais de 300 investidores interessados, mostrou que a Petrobras foi bem-sucedida, destacou o executivo à Reuters.
“Importante: a Petrobras não acessava o mercado desde 2021. A emissão marca um retorno da Petrobras a operações de dívida. Esse período é tão longo que a última vez que a Petrobras ficou sem acessar o mercado (de dívida por tanto tempo) foi lá em 1993”, disse Leite, lembrando que os últimos anos foram marcados pela pandemia, guerra e eleição presidencial, o que limitou tais transações.
Segundo o CFO, quando a Petrobras “liberou” um consórcio de bancos para fazer o acesso ao mercado de dívidas no dia 26 de junho, verificou-se que a operação poderia ser bem aceita, pois apareceram 386 investidores interessados, e a demanda bateu 6,3 bilhões de dólares. A seguir, foi avaliado que a taxa indicativa foi 7,25% ao ano poderia ser calibrada, diante do grande número de interessados.
“Voltamos para a prancheta e pensamos que daria pra fazer uma compressão de taxa, e calibramos o que seria uma taxa de empresa grande e ‘investment grade’ no Brasil”, disse ele, em referência ao rendimento fechado com o investidor, de 6,625% ao ano, para o título com vencimento em 2033.
“Do ponto de vista qualitativo, a emissão de título superou a expectativa. E quantitativo também porque teve overbooking, teve compressão de taxa importante”, disse ele, acrescentando que foi a maior compressão de taxa da América Latina em 2023.
Ao final, a demanda foi 3,4 vezes superior ao volume da oferta, com 327 ordens de investidores da América do Norte, Europa, Ásia e América Latina, disse a Petrobras, em comunicado sobre a conclusão da operação nesta segunda-feira.
“Eles aceitaram a operação em uma taxa final que ficou um pouco acima das de investment grade, mas muito boa”, disse Leite, citando que mais de 50% dos investidores são da América do Norte e mais de 60% das ordens vieram de fundos de investimentos, importante sinal qualitativo da operação.
O executivo afirmou ainda que boa parte do dinheiro levantado será utilizado para melhorar o perfil de dívida da Petrobras.
Ele lembrou que a empresa tem dois “standarts” de perfil de dívida, um mínimo, de 50 bilhões de dólares, e um máximo, de 65 bilhões de dólares.
“Hoje o endividamento da Petrobras está mais perto desse perfil mínimo, está em torno de 53 bilhões de dólares… e abaixo desse mínimo, se ficar devendo menos de 50, começa a ficar difícil, o nosso custo de capital cresce…”, comentou o executivo.
Segundo ele, a Petrobras está com uma “dívida controlada”. “Vamos investir bastante mais, mas não queremos alavancar a empresa”, acrescentou.
De qualquer forma, destacou Leite, a Petrobras vai ter “uma posição bem mais atuante no mercado” de dívida.
“É cedo pra dizer se vamos fazer (novas emissões), vamos estar sempre atentos, toda vez que der possibilidade de dever menos ou dever melhor, vamos fazer, porque isso dá percepção melhor para a financiabilidade da empresa”, comentou.
Segundo a Petrobras, a operação concluída nesta segunda-feira foi conduzida pelos bancos BTG Pactual, Citigroup Global Markets, Goldman Sachs, Itaú BBA USA Securities, MUFG Securities Americas, Santander US Capital Markets, Scotia Capital e UBS Securities.
A Petrobras detalhou ainda que o cupom da operação foi de 6,5% ao ano, enquanto o preço da emissão fechou em 99,096%, com ratings em Ba1 pela Moody’s, BB- pela S&P e BB- pela Fitch.