Payroll de janeiro deve apontar menor nível mensal de criação de emprego nos EUA em dois anos

Payroll deve apontar para o menor saldo mensal positivo em dois anos

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Por: Gabriel Ponte

A geração de postos de trabalho nos Estados Unidos deve ter apresentado desaceleração no mês passado, para o menor saldo positivo em dois anos, reflexo do encarecimento do custo de crédito decorrente da alta de juros no país e da desaceleração da atividade econômica.

O relatório formal de empregos nos EUA, conhecido como Payroll, a ser divulgado amanhã, às 10h30, deve mostrar criação líquida de 185 mil postos de trabalho em janeiro, segundo consenso Mover, ante 223 mil vagas abertas em dezembro. Se confirmada, a geração de postos será a menor desde janeiro de 2021, segundo dados da Refinitiv.

O Bank of America, entretanto, tem leitura contrária, e aposta em ligeira aceleração na geração de postos em janeiro. “O Payroll certamente registrou abertura de 225 mil postos de trabalho em janeiro, pouca alteração em relação a dezembro, mas ainda sugerindo uma demanda forte por mão de obra”, escreveu Shruti Mishra, economista para os EUA, em relatório.

A taxa de desemprego deve avançar ligeiramente a 3,60%, ante mínima em mais de cinco décadas, de 3,50%, registrada em dezembro de 2022.

Ainda segundo o consenso Mover, os custos da folha de pagamento devem manter tendência de alta. Os salários devem subir 0,3% na base mensal, em linha com o avanço de dezembro. Já na base anual, os reajustes devem desacelerar de 4,6% para 4,3%. O número de horas semanais trabalhadas deve se manter em 34,3 em janeiro.

Caso confirmada, a desaceleração do mercado de trabalho em janeiro reforça indicativo de que a alta de juros promovida pelo Fed desde março de 2022 tem produzido efeitos sobre o setor produtivo do país. Mesmo assim, Jerome Powell, presidente da autarquia, afirmou na quarta-feira, após decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto, que o mercado de trabalho permanece “muito forte” nos EUA.

“Minha opinião é que não haverá um retorno sustentável à meta de inflação, de 2,0%, sem um melhor equilíbrio no mercado de trabalho”, complementou. O FOMC elevou a taxa-alvo Fed Funds em 25 pontos-base na reunião desta semana, para o intervalo entre 4,50% e 4,75%, e reconheceu ligeiro recuo da inflação nos EUA, embora permaneça elevada.