Por Ana Luiza Serrão
Os lucros do Nubank (ROXO34) devem ser impactados negativamente em até 20% em 2024 em caso de aprovação no Congresso de projeto de lei que fixa um teto para as taxas de juros no rotativo de cartão de crédito, segundo projeções de analistas de bancos de investimento.
Embora seja consenso entre analistas que o maior banco puramente digital do mundo sofreria com a medida, que é discutida com apoio do governo federal, o Itaú BBA avalia que os mercados já precificam perdas com esse cenário, reduzindo riscos para o desempenho das ações. Vale ressaltar que existe um conflito de interesse nas análises dos bancos frente a um dos seus principais rivais no universo digital.
A equipe do Bank of America, por outro lado, destacou que os negócios de cartões do Nubank cresceram rápido e hoje são cerca de 40% da receita líquida do banco com juros, contra 30% há um ano atrás. Assim, a companhia está “vulnerável”, e poderia sentir impato negativo de 8% a 20% no lucro por ação em 2024 com um eventual teto.
Embora tenha elevado o preço-alvo para as ações do Nubank, de US$8,30 para US$8,50, o BofA manteve recomendação neutra, por avaliar que os papéis estão caros, negociados a múltiplos altos.
O Itaú BBA é mais otimista e recomenda compra de Nubank, com preço-alvo de US$9,70, definido em 21 de agosto, de US$9,50 anteriormente, segundo relatório de 21 de agosto, que também estima impactos do teto de juros no cartão de crédito.
No “pior cenário”, com o Congresso definindo um máximo de 8% nos juros do rotativo, os lucros projetados para o Nubank em 2024 poderiam cair 10%, projetou a equipe comandada por Pedro Leduc no BBA.
“Acreditamos em uma saída final mais equilibrada que o cenário mais pessimista… uma solução equilibrada deve servir como um evento de redução do risco para a ação”, afirmaram os analistas.
O crédito rotativo dos cartões é acionado quando uma pessoa decide pagar apenas uma parte da fatura na data do vencimento, adiando o valor restante, que é cobrado novamente com juros.