Por: Gabriel Ponte e Luca Boni
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou nesta terça-feira que caso a economia americana continue a registrar números fortes de emprego ou de inflação, o banco central poderá elevar o juro mais do que o precificado. Powell foi entrevistado no The Economic Club of Washington no início desta tarde.
“O relatório de empregos de janeiro sublinha a mensagem da semana passada de que temos um caminho significativo adiante em relação à inflação”, disse Powell. Ele afirmou que o Fed não esperava que os dados do Payroll de janeiro fossem “tão fortes”, mas que, ao mesmo tempo, eles apontam que o banco central americano ainda tem espaço para elevar os juros.
Powell falou hoje, uma semana após o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) ter elevado a taxa básica de juros do país em 25 pontos-base, após altas de maiores magnitudes nos meses anteriores.
“A mensagem do FOMC, na semana passada, foi de que o processo desinflacionário começou, mas temos muito a percorrer. O processo será acidentado, e mais altas de juros são necessárias”, complementou.
Segundo o Payroll, em janeiro, a economia americana reportou a criação de 517 mil vagas, muito acima das 185 mil projetadas, segundo consenso Mover. A taxa de desemprego recuou a 3,4% no mês passado, ante consenso de 3,6%.
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De acordo com Powell, o mercado de trabalho americano segue forte em razão da robusta economia do país. Em sua leitura, os Estados Unidos devem estar ao menos no pleno emprego, mas essas condições devem arrefecer.“É possível que este ciclo seja diferente, e o mercado de trabalho permaneça forte, enquanto os salários estão se moderando.”
Powell ressaltou, por outro lado, que este ano será de “declínio significativo da inflação”, mas que o indicador deve retornar ao patamar próximo de 2,0% “certamente” em 2024.
Segundo o chair do Fed, os EUA encontram-se “bem no começo” do processo de desinflação. “É bom que o processo de desinflação começou sem danos ao mercado de trabalho.” A maior preocupação do Fed é quando a desinflação ocorrerá no setor de serviços mais amplo, completou Powell.
Após declarações, o Morgan Stanley elevou sua projeção para a taxa terminal de juros, mencionando o discurso mais agressivo de Powell. A instituição prevê agora que as Fed Funds alcançarão o intervalo entre 5,0% e 5,25% com duas altas de 25 pontos-base, a serem distribuídas nas reuniões do FOMC de março e maio.
Por volta das 15h50 o Dow Jones, S&P500 e o Nasdaq 100 caíam 0,58%, 0,36% e 0,21%, respectivamente. Segundo dados da Chicago Mercantile Exchange, às 15h55 investidores projetavam 93,7% de chances de uma elevação de 25 pontos-base nos juros americanos em março. Para maio, investidores projetavam 73,1% de chances outra alta da mesma magnitude.
No mesmo horário, os rendimentos dos Treasuries de dois anos recuavam 2,9 pontos-base, a 4,448%, e os de dez anos avançavam 1,6 pontos-base, a 3,659%. O índice Dólar DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante uma cesta de divisas pares, operava estável, aos 103,5 pontos.
