Mercados caem após aumento de preocupação com China

Evergrande pede recuperação judicial nos EUA

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Por: Leandro Tavares

Os mercados internacionais operam em queda no último pregão da semana, influenciados pelo crescimento das dúvidas em relação à economia global, em especial a China, após a gigante do setor imobiliário Evergrande entrar com pedido de proteção contra credores nos Estados Unidos. No Brasil, os investidores vão acompanhar a cena política e a participação de Roberto Campos Neto num evento.

No Reino Unido, as vendas do varejo caíram 1,20% em julho na base mensal, sendo que o consenso esperava uma retração de 0,50%. Porém, o que chama a atenção são os núcleos, que tiveram retração de 1,40% no mês na comparação com junho, ficando abaixo da projeção, que era de uma queda de 0,7%. 

Na zona do euro, a inflação, medida pelo índice de preços consumidor, registrou uma retração de 0,10% em julho na comparação mensal, em linha com o consenso. No ano, a inflação no bloco registra alta de 5,30%. 

Os dados tanto no Reino Unido quanto na zona do euro mostram que a inflação tem pesado na região, o que cada dia mais se comprova a necessidade de aperto monetário pelo Banco Central Europeu (BCE). 

Em discurso mais cedo, o economista-chefe do BCE, Philip Lane, disse que não há uma previsão de recessão sustentada na zona do euro. Segundo ele, apesar da inflação alta recente, os preços mais baixos de energia devem ajudar a conter o quadro adiante. 

Na Ásia, os mercados tiveram mais um dia negativo, refletindo a inflação japonesa e o pedido de proteção contra falência da chinesa Evergrande nos EUA. 

No Japão, a inflação teve variação positiva de 0,40% em julho na base mensal. No ano, o índice de preço ao consumidor acumula alta de 3,30%, enquanto as projeções dos analistas eram de 2,5%. Já o núcleo de inflação no ano, que de fato os economistas olham para as projeções, é de 3,1% em julho, em linha com a projeção de analistas. 

Ontem, a Evergrande entrou com pedido de proteção contra credores nos EUA, por meio do Capítulo 15 do Código de Falências, com o objetivo de se proteger contra eventuais ações de acesso ou bloqueio de bens pelos credores, segundo agências. No início desta semana, a incorporadora imobiliária já havia adiado as assembleias de detentores de suas dívidas para concedê-los mais tempo para analisar seu plano de reestruturação.

Ainda do outro lado do mundo, de acordo com a CNBC, o PBoC, banco central da China, estabeleceu o ponto médio do yuan onshore em 7,2006 em relação ao dólar americano nesta sexta-feira. O ponto médio do yuan é um ponto de referência para negociação e limita a banda de negociação a 2%, para cima e para baixo.

Nos EUA, o dia está esvaziado, com a divulgação apenas do número de sondas de petróleo da semana pela Baker Hughes, às 14h. Apesar disso, os investidores estão de olho nos juros por lá, principalmente após o Treasuries de 10 anos, que é referência global, atingir o nível mais alto desde 2011, de 4.326%. 

No Brasil, não há previsão de divulgação de nenhum indicador. No entanto, a cena política segue no radar, diante da expectativa de anúncio de reforma ministerial pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para contemplar o chamado centrão. 

Os agentes devem acompanhar ainda os desdobramentos do caso das joias envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, após Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, por meio de seu advogado, dizer que vai confessar que vendeu as joias nos EUA a mando de Bolsonaro, de acordo com a revista Veja. Cid está preso desde maio.

Diante desses e outros fatos, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, autorizou a quebra do sigilo bancário e fiscal de Bolsonaro, no processo que analisa a venda das joias, segundo agências. 

Além disso, está prevista a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no Fórum Brasileiro de Inteligência Artificial, em São Paulo, assim como do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Todos participam do evento a partir das 9h30. 

Ontem, o Ibovespa encerrou em queda, abaixo dos 115 mil pontos, seguindo o mau humor das bolsas americanas. No mercado de câmbio, o dólar fechou em baixa, diante da depreciação da moeda americana no mundo. 

No mercado de commodities, os futuros do minério de ferro negociados em Dalian, na China, subiram 2,94%, a 771,50 iuanes, ou US$105,45 por tonelada. Já o petróleo tipo Brent, por sua vez, operava em baixa de 0,37%, a US$83,81.

Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura.

MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em queda de 0,10%, 0,15% e 0,29%, nesta ordem. 

O Índice Stoxx Europe 600 caía 0,78%, enquanto o índice alemão DAX tinha baixa de 0,65% e o britânico FTSE-100 operava em queda de 0,76%. Entre os setores, o destaque negativo é o segmento bancário, que cai 0,70%.  

O dólar americano opera estável em comparação aos pares. O DXY operava a 103,426 pontos. No geral, as moedas operam mistas, com destaque para a rand-sul africana, que sobe 0,39%. 

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em queda de 6 pontos-bases, a 4.219%. 

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong caiu 2,05%, enquanto o Xangai Composto teve baixa de 1,00%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, caiu 0,55%.

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa da Dalian, subia 2,94%, às 6h00, cotado a US$105,45. 

O Bitcoin tinha queda de 7,35% nas últimas 24 horas, a US$26.408,90; o Ethereum caía 5,87% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir instável, refletindo os futuros americanos, o movimento de aversão ao risco no exterior e a alta do minério de ferro na China. Segundo o BB Investimentos, o índice tem suporte mínimo em 113,5 mil pontos e resistência em 119 mil pontos.

Câmbio: O dólar futuro deve abrir em queda, de olho na China, principalmente após os últimos acontecimentos. 

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de alta. Os juros futuros nos EUA operam em baixa, com investidores em dúvidas sobre os juros por lá. 

DESTAQUES

Antes de participar de uma reunião ontem com o advogado-geral da União, Jorge Messias, para discutir, entre outros assuntos, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida pelo governo contra a Emenda Constitucional 114, que mudou o regime de pagamento dos Precatórios em 2021, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chamou os precatórios — dívidas judiciais da União que já transitaram em julgado e não são mais passíveis de recursos – de “calotes” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ministro não confirmou, no entanto, se os débitos bilionários que terão que ser pagos pelo governo serão classificados como despesas financeiras em vez de gastos primários, que estariam sujeitos ao teto do arcabouço fiscal em 2024. (Mover)

As chances de o Banco Central realizar cortes da Selic acima ou abaixo de 50 pontos-base no atual ciclo de afrouxamento monetário são baixas, afirmou o presidente da autoridade, Roberto Campos Neto, nesta quinta-feira. “O que a gente quis dizer, na ata [da última reunião do Comitê de Política Monetária], é que a barra é alta para fazer alguma coisa acima ou abaixo de 50 pontos-base”, disse ele, em entrevista ao Poder360.

Campos Neto defendeu também que não houve nova divergência na reunião do Copom deste mês, mas sim uma discordância herdada da reunião anterior, de junho. (Mover) 

A chinesa Evergrande entrou com pedido de recuperação judicial na tarde de ontem, por meio do capítulo 15, visando uma proteção contra credores, de acordo com documentos judiciais apresentados em um tribunal de falências dos Estados Unidos. Por meio do capítulo 15, a companhia visa proteger-se contra eventuais ações de acesso ou bloqueio de bens pelos credores nos EUA, caso tentem liquidar as dívidas que tenham dela. (Agências)

Os rendimentos dos títulos do Tesouro de 30 anos renovaram máxima recorde desde julho de 2011 nesta quinta, na esteira de dados resilientes da atividade econômica, que continuaram a apontar para uma economia aquecida. Os investidores seguem acompanhando também uma potencial nova alta dos juros pelo Federal Reserve neste segundo semestre, após a ata da mais recente decisão monetária indicar que um aperto adicional pode ser necessário diante de uma inflação “inaceitavelmente alta”. (Mover)

Mercado busca sanar dúvidas sobre privatização da Sabesp. Como funcionará a figura do “acionista de referência” e como ficará a regulação dos contratos após a desestatização estão entre as preocupações dos grupos interessados na oferta. (Valor)

Alvo de Mauro Cid e hacker, Bolsonaro terá sigilo quebrado. Em depoimento, Walter Delgatti afirma que o ex-mandatário solicitou que forjasse urnas eletrônicas; ex-ajudante de ordens dirá ter atendido pedidos. (Valor)

Câmara avalia parecer para enquadrar imposto sobre offshore como ‘jabuti’. A taxação foi inserida em medida provisória que trata do reajuste do salário mínimo; iniciativa da Câmara ganhou força após fala de Fernando Haddad que gerou mal-estar com Arthur Lira. (Estadão)