Mercado local e exterior aguardam divulgações de índices de inflação no Brasil e nos EUA

Por Patrícia Lara

O tema inflação move o mercado nesta sexta-feira, com a divulgação do Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal, o PCE, nos Estados Unidos, que deve contribuir para ajustar as expectativas sobre a agressividade da alta das taxas de juros americanas. No Brasil, o foco é a prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo de fevereiro, o IPCA-15, que deve mostrar aceleração, dificultando o cenário para queda de juros, enquanto a possibilidade de volta da cobrança de impostos federais sobre a gasolina e o etanol segue em foco.

Os futuros dos índices acionários de Nova York operavam em queda antes do dado de inflação, que sai às 10h30. O consenso para o núcleo do PCE é de alta para 0,4% em janeiro, ante 0,3% em dezembro.

No Brasil, o IPCA-15 deve subir 0,60% na base mensal, segundo a mediana das 20 projeções colhidas pela Economatica. A estimativa, se confirmada, representa uma leve aceleração em relação ao resultado de janeiro, quando o indicador avançou 0,55%. O dado será divulgado às 9h00.

No mesmo horário, está prevista uma reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates, após a Receita Federal sinalizar ontem que deve reonerar os impostos federais sobre os combustíveis no fim deste mês, como previsto pela Medida Provisória publicada no início do ano, o que pode ajudar a melhorar as contas públicas, mas pressionaria a inflação no ano.

O petróleo Brent volta a subir, com alta de 1,12%, a US$83,13 o barril , perto das 07h40 desta sexta-feira. O dia marca um ano da invasão da Ucrânia pela Rússia. Após milhares de mortos, forte volatilidade do petróleo no mercado e o maior deslocamento populacional na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, ainda não há um fim do conflito à vista.

Na direção oposta, o minério de ferro voltou a recuar na bolsa chinesa de Dalian em meio a esforços das autoridades para conter a especulação diante da perspectiva de aumento da demanda pelo país asiático. Em um sinal de demanda robusta, a taxa de utilização da capacidade do alto-forno entre 247 siderúrgicas chinesas sob pesquisa regular subiu pela sétima semana consecutiva, para 86,97%, entre 17 e 23 de fevereiro, alta de 1,22 pontos percentuais na semana, informou a Mysteel, provedora de informações e consultoria do setor.

No câmbio, o dólar americano opera em alta, com o Ìndice Dólar, que mede a variação da moeda ante principais pares, ao redor de 104,70 pontos. Os rendimentos dos títulos de dívida dos EUA de 10 anos também subiam.

No Japão, o presidente nomeado para comandar o Banco Central do país, Kazuo Ueda, sinalizou que não tem pressa em alterar a política monetária ultraflexível do país, em sabatina para confirmação do cargo no Parlamento. Embalada pelo sinal, a Bolsa de Tóquio subiu 1,29% em contraste com as quedas em outros mercados da região.

Mas o cenário pode mudar. A inflação anual medida pelo núcleo do índice de preços ao consumidor japonês subiu 4,3% em janeiro, o maior patamar em 41 anos, ante 4% em dezembro, diante da pressão das matérias-primas importadas e do enfraquecimento do iene.

Além do indicador de inflação nos EUA, saem dados de renda e gastos do consumidor americano no mesmo mês (10h30), além da pesquisa de confiança do consumidor da Universidade de Michigan em fevereiro (12h). Logo em seguida, a presidente da distrital de Cleveland do Federal Reserve, o banco central americano, Loretta Mester, e o diretor do Fed Philip Jefferson podem sinalizar como está a percepção do BC americano sobre os dados recentes.

MERCADOS GLOBAIS

-O minério de ferro cedeu 0,22% na bolsa chinesa de Dalian, a 909,50 iuanes, ou o equivalente a US$131,19 a tonelada.

-O Bitcoin recuava 0,53% nas últimas 24 horas, a US$23.855; o Ethereum perdia 0,39% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

-O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, cedia 0,11% no pré-mercado americano.

-Os contratos de juros futuros na B3 devem acompanhar o exterior e refletir o IPCA-15, além das expectativas sobre reoneração dos combustíveis.

DESTAQUES

O retorno da cobrança de impostos federais sobre a gasolina e o etanol pode virar novo foco de embate entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ala política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A desoneração sobre esses combustíveis vence na próxima terça-feira, dia 28. A palavra final deve ser de Lula. (Valor)

Enquanto o governo busca passar otimismo com a tramitação do novo arcabouço fiscal, em fase de elaboração pelo Ministério da Fazenda, parlamentares estão incomodados por não terem sido incluídos nas discussões. Congressistas descartam a possibilidade, cogitada pela equipe econômica, de que a nova regra seja aprovada até abril, a tempo de ser incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024. (Estado)

O desenho das novas regras para as contas públicas não está fechado, mas deve prever uma sinalização para a contenção de gastos públicos e para garantir sua previsibilidade. Uma das intenções é estabelecer algum tipo de trava para as despesas permanentes, como salários, evitando que um “boom” de arrecadação, por exemplo, seja usado para bancar gastos permanentes. (Globo)

Os estoques de títulos de renda fixa corporativos somaram R$1,3 trilhão em dezembro de 2022 na B3, o que representou um aumento de 27% ante o mesmo período de 2021, segundo informou a operadora da bolsa nesta quinta-feira. (Mover)