Por Reuters
Apesar da posição cautelosa da diplomacia brasileira com a expansão do Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que defende a integração de novos países, dentro dos critérios que serão definidos na cúpula no final deste mês.
“Possivelmente nessa reunião, a gente já possa decidir, por consenso, quais os países novos que poderão entrar para os Brics. Eu acho extremamente importante a gente permitir que outros países, que cumprem as exigências, entrarem para os Brics. Do ponto de vista mundial, eu acho que os Brics podem ter uma papel essencial na economia”, disse Lula durante um café com representantes da imprensa internacional.
“Eu acho extremamente importante a Arábia Saudita entrar nos Brics. Acho extremamente importante os Emirados Árabes, se quiserem entrar, entrarem nos Brics, a Argentina…”, citou o presidente.
Sob pressão da China, que vê a ampliação como uma forma de ampliar sua influência internacional, e da Rússia, que mudou de posição em meio a busca de apoio na guerra contra a Ucrânia, o bloco discutirá no encontro deste mês os critérios para admissão de novos membros. Cerca de 30 países demonstraram interesse, e 22 oficializaram suas candidaturas.
A diplomacia brasileira, como mostrou a Reuters, é reticente em relação à ampliação. Há um temor de perda de espaço relativo no bloco e de que os Brics terminem sendo usados como uma força contrária ao G7, que não é uma posição tradicional do Brasil, mais conciliadora.
Fontes ouvidas pela Reuters admitem, no entanto, que é uma posição minoritária e que o Brasil vai negociar, como é da sua tradição, para tentar critérios que levem em conta a preocupação brasileira. Entre elas, a defesa da reforma na governança global e critérios de paridade regional.
Ao defender a expansão, Lula disse querer um bloco forte, com um banco forte, que possa “ajudar os países”.
“Eu acho que o banco do Brics tem que ser mais eficaz e mais generoso do que o FMI (Fundo Monetário Internacional). Ou seja, o banco existe para ajudar a salvar os países e não para ajudar a afundar países, que é o que o FMI faz muitas vezes”, criticou Lula.
Ao defender a possibilidade de ampliação do Brics como uma força política internacional, o presidente aproveitou para criticar o G7, grupo de sete países mais industrializados do mundo, e afirmou que ele já deveria ter sido substituído pelo G20.
“Espero que um dia as pessoas percebam que o jeito de discutir política no G7 está superado. É preciso abrir. Na verdade, o G7 nem deveria existir depois da criação do G20. Porque são as mesmas pessoas”, afirmou.
O Brasil participou da última reunião do G7, no Japão, como país convidado, e é membro do G20, grupo no qual tem priorizado as discussões, assim como no Brics.