Por Patrícia Lara e Eduardo Puccioni
Os juros futuros recuam no Brasil na manhã desta segunda-feira, assimilando a notícia de que não há discussões técnicas sobre uma nova meta de inflação. Em paralelo, o Boletim Focus divulgado hoje pelo Banco Central mostrou a manutenção de projeções para a taxa Selic para os próximos anos, apesar da piora das expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Perto das 11h00, a taxa do contrato para vencimento em 2031 cedia 9 pontos-base, a 13,08%, e para Jan/24 caía 2 pontos-base, a 13,55%, na contramão da taxa dos títulos do Tesouro americano de dez anos, que caía 3,9 pontos-base, a 3,54%.
Segundo interlocutores do governo ouvidos pela Folha de São Paulo em reportagem publicada ontem, não há até o momento nenhuma discussão técnica para a alteração das metas de inflação. Vale lembrar que há alguns dias o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou publicamente a meta para o indicador. Segundo o gestor da Quantitas, Rogério Braga, a reportagem da Folha repercute nos juros hoje.
Já a pesquisa Focus apontou que os economistas consultados pelo BC mantiveram nesta semana as projeções para a Selic em 12,50% para 2023, em 9,50% para 2024, e em 8,50% para 2025. Apenas para 2026 a expectativa para a taxa básica de juros foi elevada de 8,25% para 8,50%.
Para o IPCA, as projeções se deterioram nesta sondagem do Focus, a primeira a capturar o efeito do aumento dos preços da gasolina anunciado na semana passada pela Petrobras. Para 2023, a estimativa para o principal indicador de inflação no Brasil foi elevada de 5,48% para 5,74%, distanciando-se ainda mais do teto da meta, de 4,75%. Para 2024, a projeção para o IPCA foi elevada de 3,84% para 3,90%. Para 2025 ela foi mantida, e subiu para 2026.
Por volta por das 11h10, o dólar futuro cedia 0,18% na B3, a R$5,102.
Nesta semana, o investidor acompanha as decisões de juros do Brasil e Estados Unidos na quarta-feira. O consenso espera a elevação de 0,25 ponto percentual nas Fed Funds e a manutenção da Selic em 13,75%, o que mantém o carrego atrativo para posicionamento no real.
“O Banco Central deve manter os juros altos por mais tempo para controlar essa política fiscal expansionista do governo, mas lá fora a gente já vê os bancos centrais no final do ciclo e começando a reduzir o ritmo de alta”, disse o Head de Mesa da Valor Investimentos, Piter Carvalho.