Por: Patricia Lara e Fabricio Julião
As taxas de juros futuros aceleraram a alta após dados muito acima do esperado de criação de vagas no mercado de trabalho no Brasil, puxado pela abertura de vagas líquidas no setor de serviços, sobretudo, na administração pública. Os dados mostram uma economia ainda vigorosa, o que pode reduzir o espaço para o Banco Central aliviar a taxa básica de juros Selic.
Perto das 14h27, os DIs com vencimento em Jan/24 subiam 7,5 pontos-base, a 13,20%; para Jan/25, 18,5 pontos-base, a 12,15%, após renovar máxima intradiária de 12,17% logo após a divulgação do dado. As taxas dos contratos com vencimento para Jan/27 avançavam 14 pontos-base, a 12,27%.
“O Caged foi surpreendente e está bastante resiliente. Abrindo o dado, boa parte da força no começo do ano foi ligado ao setor público. Mas setores ligados ao consumo, como serviços e comércio, estão performando bem”, disse Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
A média móvel de 3 meses da criação de vagas está em cerca de 82.000 empregos por mês, ainda acima da média pré-Covid, segundo o economista. “Isso vai manter os núcleos de inflação altos e com isso o BC não tem espaço para cortar a (Selic)”, disse Borsoi, que citou ainda impacto da medida do Confaz que vai unificar e elevar a cobrança do ICMS dos combustíveis. “Isso deve elevar a gasolina em R$0,53 e deve dar 0,40 ponto percentual para IPCA neste ano”, afirmou.
O Brasil criou 241.785 vagas de emprego com carteira assinada em fevereiro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência nesta quarta-feira. O resultado foi puxado pelo setor de serviços com criação de 164.200 postos em termos líquidos. Dentro dos serviços, o grupo identificado como administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais abriu 90.381 vagas.