Por: Patricia Lara
Mercado local aguarda o dado de inflação ao consumidor para ajustar as expectativas sobre o momento em que a taxa básica de juros pode começar a ser flexibilizada, após o otimismo com a possibilidade de alívio impulsionar a bolsa para a máxima do ano ontem. O clima externo é de cautela, com bolsas europeias em queda e os futuros dos índices acionários americanos sem direção, após indicadores. Na China, as exportações despencaram, mas a queda das importações foi mais branda do que a esperada.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) às 9h00, e a expectativa é de desaceleração para 0,36% em maio, segundo projeção do TC Consenso calculada com base em 19 estimativas. Em abril, o indicador apontou inflação de 0,61%.
A expectativa para os cortes da Selic vem se refletindo nas taxas de contratos de juros futuros, que voltaram a despencar na sessão de ontem. As apostas para início de cortes na taxa básica de juros no segundo semestre estão se consolidando entre os agentes financeiros, com alguns esperando redução de 25 pontos-base na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) já em agosto.
Além do dado, o mercado local reverbera sinais mistos da balança comercial da China divulgados pela Administração Geral das Alfândegas na madrugada. As exportações do país asiático despencaram 7,5% em maio, no comparativo anual, ante a projeção de queda de 0,4%. Foi o primeiro recuo desde fevereiro, indicando demanda fraca global. As importações, contudo, cederam 4,5%, ante projeção de queda de 8%.
Entre as commodities, o minério de ferro fechou perto da estabilidade, com alta de 0,7%, a770 iuanes, ou o equivalente a US$107,98 por tonelada na Bolsa chinesa de Dalian. O contrato futuro do petróleo para agosto tinha leve alta de 0,2%, cotado a US$76,43 por barril.
No câmbio, o índice dólar, que mede a variação da moeda ante uma cesta de principais pares, cedia 0,08%, a 104,04 pontos. Mas o dólar subiu ante o yuan e o dólar australiano, uma moeda de commodity altamente sensível a oscilações na demanda chinesa.
A moeda americana renovava máxima recorde ante a lira turca, diante da escolha do novo gabinete do presidente Recep Erdogan, que pode sinalizar um possível afastamento da política econômica pouco tradicional implementada anteriormente.
A agenda de indicadores nos Estados Unidos traz o resultado da balança comercial de abril (9h30), além de dados sobre estoques de petróleo da Agência Internacional de Energia (11h30). À noite, o Japão divulga dados do Produto Interno Bruto.
Na esfera política, o Grupo de Trabalho da Câmara dos Deputados entregou ontem um relatório sem soluções claras para impasses estaduais e sem um substitutivo redigido e pronto. Mesmo assim, o relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP), disse que o texto será votado no plenário na primeira semana de julho.
A bolsa brasileira não funcionará amanhã, em razão do feriado de Corpus Christi.
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MERCADOS GLOBAIS
Perto das 07h00, os futuros dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 cediam 0,13%, 0,07% e 0,15%, respectivamente. Ontem, o S&P 500 fechou no maior patamar desde agosto, aos 4.283,85 pontos.
O índice Stoxx Europe 600 perdia 0,16%, com queda nos papéis de seguradoras e do setor químico, mas alta nas ações de mineradoras. O índice FTSE 100, da bolsa de Londres, cedia 0,02%, e o DAX, da bolsa de Frankfurt, recuava 0,35%.
O juro projetado pelos títulos do Tesouro dos EUA de dez anos subia 1,2 ponto-base, a 3,674%.
O índice VIX, que mede a volatilidade implícita para as opções do índice S&P500, operava em alta de 1,72%, a 14,19 pontos.
Na Ásia, as bolsas fecharam mistas. O índice Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, subiu 0,80% e o índice de referência Xangai Composto encerrou com variação positiva de 0,08%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, perdeu 1,82% e o Kospi 200, da bolsa de Seul, terminou com +0,01%.
O Bitcoin cedia 2,21% nas últimas 24 horas, a US$26.703; o Ethereum recuava 1,14% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, cedia 2,20% no pré-mercado americano.
Os contratos de juros futuros na B3 reagem ao IPCA, após chegarem a ceder mais de 10 pontos-base nos vencimentos mais longos ontem.
DESTAQUES
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, prevendo crescimento de 1,7% da economia do país neste ano, num salto comparado à estimativa de 1% feita há apenas três meses. Para 2024, a projeção agora é de alta de 1,2% ante 1,1% em março. A organização projetou que o crescimento do PIB nos Estados Unidos deve ser de 1,6% em 2023, antes de desacelerar para 1,0% em 2024 em resposta a condições monetárias e financeiras apertadas (Mover)
O relatório da OCDE disse ainda que as políticas monetárias devem permanecer restritivas até que existam sinais claros de redução duradoura das pressões inflacionárias subjacentes. O apoio fiscal, que desempenhou um papel vital em ajudar a economia global durante a pandemia e a guerra na Ucrânia, deve ser reduzido, tornando-se mais direcionado e calibrado para as necessidades futuras. (Mover)
A Câmara vota nesta quarta-feira a Medida Provisória do Minha Casa, Minha Vida, em novo teste para a articulação política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A sessão plenária está marcada para as 10h00. Em texto aprovado na comissão mista, o relator da MP, deputado Marangoni (União), fez diversas alterações, como a permissão para uso de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para projetos relacionados a vias de acesso, iluminação pública, saneamento básico e drenagem de águas pluviais. (Câmara Notícias)
A Câmara declarou ontem a perda de mandato do deputado Deltan Dallagnol, decidida pelo Tribunal Superior Eleitoral. A cassação teve origem em ação movida pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN) e pela Federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB e PV). A ação argumentou que Dallagnol pediu exoneração do cargo de procurador da República enquanto estavam pendentes sindicâncias para apurar reclamações sobre sua conduta na Operação Lava Jato. (Câmara Notícias)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa do lançamento do novo programa “Farmácia Popular, às 9h30, no Recife, e depois viaja para Salvador. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem reunião com o diretor-gerente do BNP Paribas Global, Ricardo Bigi, às 10h00, em São Paulo. (Mover)
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acompanha a Rainha Máxima dos Países Baixos, Assessora Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para o Financiamento Inclusivo para o Desenvolvimento (UNSGSA), em visita a uma escola pública em Brasília. A visita tem o objetivo de conhecer o projeto Aprender Valor, do Banco Central. (Mover)
Na Turquia, a perspectiva de redução da intervenção nos mercados por parte do governo aumentou após a nomeação do ex-vice-primeiro-ministro Mehmet Simsek como o novo ministro do Tesouro e Finanças da Turquia. As políticas econômicas da Turquia precisam retornar ao terreno “racional”, disse Simsek anteriormente. (Financial Times)
A Fleury aprovou uma bonificação de 20% em ações, mediante a capitalização de R$170,0 milhões de parte das reservas de lucro. A data de corte da operação será em 12 de junho. (Mover)