Por Eduardo Puccioni e Patrícia Lara
A prévia da inflação ao consumidor no Brasil acelerou em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e superou as expectativas, puxada por aumentos no setor de Educação e com oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados em alta.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de fevereiro subiu 0,76%, ante 0,55% na medição de janeiro. O consenso apontava alta de 0,60% na base mensal, segundo a mediana das 20 projeções colhidas pela Economatica.
“O IPCA-15 de fevereiro de 2023 surpreendeu o mercado com uma variação positiva maior que a esperada por nós e pelo mercado”, explicou Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital.
Para André Nunes de Nunes, economista-chefe do Sicredi, dois pontos se destacam no IPCA-15. “Um deles é a inflação da alimentação em domicílio, que subiu 0,38%, enquanto os trackers que acompanhamos apontavam zero ou talvez negativos em alguns períodos do mês. Foi uma surpresa altista ruim para inflação. Por outro lado, mais positivo, veio uma queda mais acentuada dos preços das passagens aéreas”, afirmou.
Mesmo acima do esperado, o indicador mostra uma inflação bem menor do que a observada no mesmo período do ano passado, quando o IPCA-15 subiu 0,99%.
O item que mais impactou nesse resultado foi Educação, que mostrou a maior variação e o maior impacto no índice. A alta foi de 6,41%, com reajuste de 7,64% em cursos regulares, segundo o IBGE.
O grupo de Transportes apontou desaceleração para 0,08%, ante 0,17% em janeiro. A principal razão foi a queda de 9,45% nos preços das passagens aéreas. Todos os combustíveis (-0,28%) registraram queda de preço em fevereiro: etanol (-1,65%), gás veicular (-1,59%), óleo diesel (-0,59%) e gasolina (-0,04%).
“O mercado agora vai começar a se focar nas expectativas para março do ponto de vista da volta ou não dos impostos federais sobre combustíveis. Isso dará o tom do que vai ser a inflação no curto prazo e se vai voltar na integralidade ou se vai haver algum tipo de medida de mitigação por parte da Petrobras”, disse Nunes.
O IPCA-15 é divulgado em meio aos desafios para o Banco Central cumprir a meta de inflação, que foi fixada pelo Conselho Monetário Nacional em 3,25% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
De acordo com estudo do TC Matrix, a difusão da inflação permaneceu estável em fevereiro, ficando em 67,03%. A média dos núcleos por exclusão captou a uma taxa de 0,73% ante 0,62% observada no mês anterior. Serviços teve forte peso com alta de 1,33% em fevereiro, ante 0,58% no mês anterior. Quando analisado os Serviços excluindo subjacentes, o avanço foi de 2,5% no mês passado, ante 0,71% em janeiro, um crescimento de 1,80 ponto percentual.
“Conforme já antecipávamos, os núcleos voltaram a subir. Serviços inerciais e serviços ligados à mão de obra, que indicam algum potencial de espalhamento e persistência inflacionários, avançaram em fevereiro. Esses indicadores sugerem maior inflação para o ano em relação ao padrão de variação baixa dos últimos meses, o que já contemplamos em nosso cenário”, acrescentou Nogueira.
Por região, Salvador apresentou a maior inflação em fevereiro, com avanço de 1,19%, seguido por São Paulo, com 0,91%, Fortaleza e Belo Horizonte, ambos com alta de 0,80%.