Por: Luca Boni e Gabriel Ponte
O Ibovespa fechou a terça-feira em queda, refletindo o ambiente instável que se formou diante de diversos ruídos a respeito do futuro da meta de inflação. A reação dos preços a informações não oficiais que surgiram ao longo do dia mostram a sensibilidade do mercado ao tema, que deve continuar guiando os investidores nos próximos dias.
Em uma sessão marcada por quedas expressivas de várias ações, o Ibovespa encerrou em queda de 0,91%, aos 107.848 pontos. Na mínima intradiária, às 17h00, o índice tocou os 107.577 pontos. O índice acelerou o movimento de perdas após uma agência de notícias reportar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria defendido elevar a meta de inflação, atualmente em 3,25%, em um ponto percentual. A informação foi negada no fim do dia, também extraoficialmente, por outra agência de notícias.
Em uma aparição pública no final da tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a discussão sobre o assunto não está na pauta da reunião prevista para esta quinta-feira.
Todo esse imbróglio envolvendo a meta de inflação reforçou o sentimento negativo no mercado, e contribuiu para um dia de fortes quedas entre as ações – 18 papéis tiveram quedas superiores a 3%, refletindo a menor disposição do investidor por risco neste dia. A maior baixa ficou com Raízen, que cedeu 7,45%. A companhia divulga balanço hoje.
Mas foram as ações ordinárias da B3 as principais detratoras do índice, recuando 4,03% e retirando cerca de 180 pontos do Ibovespa. Na sequência, as ordinárias da Eletrobras retiraram cerca de 170 pontos do índice, recuando 3,68%, após notícia de que a Advocacia-Geral da União iniciou estudo que questiona a privatização da companhia.
Na ponta positiva, as ações ordinárias da Vale, que subiram 0,45%, adicionaram mais de 80 pontos ao índice. Os papéis da mineradora acompanharam a alta dos contratos futuros do minério de ferro negociados na Bolsa de Dalian.
Na sequência, as ordinárias do Banco do Brasil avançaram 2,34%, adicionando quase 70 pontos ao índice, após a instituição reportar resultados recordes no balanço do quarto trimestre de 2022. O BB renovou lucro líquido pelo oitavo trimestre consecutivo, de R$9,04 bilhões, mesmo com um provisionamento extra de R$788 milhões para cobrir 50% de sua exposição a operações envolvendo a varejista Americanas.
Os contratos de dólar futuro encerraram em alta de 0,57%, a R$5,203. Ao fim do dia, em uma cesta de 22 divisas observada pela Mover, o real tinha a pior performance, penalizado pelo noticiário político e dados de inflação ao consumidor americana acima do consenso.
Amanhã, o BC ofertará até 16 mil contratos de swap em leilão para rolagem de vencimentos em abril, totalizando US$800 milhões, entre 11h30 e 11h40.