Por: Patricia Lara
As preocupações sobre a demanda e o esfriamento da economia se ampliam e mantém os futuros de Nova York e as bolsas europeias em queda, após as sinalizações de que os bancos centrais na Europa e nos EUA seguem inclinados a elevar as taxas de juros para assegurar a convergência da inflação para a meta.
Hoje, o dólar voltava a subir após comentários agressivos de bancos centrais globais, incluindo o Federal Reserve, e com a busca por proteção diante da preocupação sobre uma desaceleração mais profunda das principais economias mundiais. O clima de baixa propensão ao risco também dá suporte aos títulos do Tesouro dos EUA, induzindo recuo dos rendimentos projetados nos papéis.
Nas commodities, o contrato futuro do petróleo Brent prolonga a queda, perdendo 1,56%, a US$72,95 por barril, perto das 6h51, caminhando para encerrar a semana com baixa de cerca de 3%. O minério de ferro seguiu sem referência de preço na China diante do feriado no país, mas cedeu 2,07% a US$109,35 por tonelada na Bolsa de Cingapura.
Nos EUA, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, fala às 9h00, e
saem Índices de Gerentes de Compra de junho, às 10h45.
No Brasil, o tom das críticas à condução da política monetária permanece elevado entre membros do governo. Ontem à noite, foi a vez de o presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), dizer que a manutenção da taxa básica Selic não prejudica só a atividade econômica, mas também gera impactos sobre o compromisso fiscal.
Em meio ao tiroteio, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está em deslocamento para Basileia, na Suíça, onde participará do Encontro anual do Banco de Compensações Internacionais, o BIS, neste sábado e domingo. Na quarta-feira, ele comandou a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que manteve a taxa Selic em 13,75% e trouxe um comunicado com uma mensagem mais dura do que a esperada, o que ampliou a dúvida de parte dos economistas sobre o início do alívio já em agosto.
Como resultado, o Ibovespa caiu 1,23% e as taxas de juros subiram ontem. O dólar se valorizou levemente frente ao real, acompanhando o rumo da moeda no exterior.
A agenda doméstica está esvaziada de indicadores hoje, mas será movimentada na próxima semana pela divulgação da ata do encontro do Copom na terça-feira. Na quinta-feira, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define a meta para a inflação de três anos-calendário à frente. No mesmo dia, também ocorre a apresentação pelo Banco Central do Relatório Trimestral de Inflação.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue cumprindo agenda em Paris, onde participa da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global.
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MERCADOS GLOBAIS
Perto das 07h00, os futuros dos índices Dow Jones, do S&P500 e Nasdaq 100 ceida 0,31%, 0,50% e 0,69%, respectivamente.
O índice Stoxx Europe 600 tinha variação negativa de 0,04%, com as ações ligadas a petróleo e gás em baixa de cerca de 1,7%. O índice FTSE 100, da bolsa de Londres, cedia 0,27% e o DAX, da bolsa de Frankfurt, recuava 0,71%.
A maioria das moedas operava em queda ante o dólar americano. O Índice Dólar DXY subia 0,63%, a 103,03 pontos. A moeda americana avançava 0,85%, a 0,9204 euro
Entre os títulos de renda fixa, o juro dos títulos de 10 anos dos EUA cedia 5,9 pontos-base, a 3,740%.
O índice VIX, que mede a volatilidade implícita das ações, avançava 3,57%, a 13,36 pontos
Na Ásia, o índice Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, caiu 1,71%, enquanto o mercado de Xangai continuou fechado em razão do feriado no país. O Nikkei, da Bolsa de Tóquio, fechou com variação negativa de 1,45% e o Kospi, da Bolsa de Seul, caiu 0,91%.
O Bitcoin subia 0,90% nas últimas 24 horas, a US$30.223; o Ethereum ganhava 0,55% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, cedeu 0,24% no pós-mercado de NY.
O dólar futuro pode subir em sintonia com a moeda no exterior.
Os contratos de juros futuros na B3 devem manter o ajuste ao Copom, além de potencialmente incorporar prêmio diante da aversão ao risco que prevalece nesta sexta-feira.
DESTAQUES
Há uma profunda irritação nos bastidores com a postura do Banco Central. Para integrantes da equipe econômica, o governo foi tirando ruídos do caminho que deram espaço para o corte de juros, mas Campos Neto não deu a resposta sobre isso. (O Globo)
O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou nesta quinta-feira que o governo deve estar pronto em setembro para fazer sua primeira emissão de um título sustentável e que o momento exato do lançamento do papel no mercado internacional vai depender da melhor janela de oportunidade de mercado até o final do ano. (Reuters)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá na próxima segunda-feira, no Palácio do Planalto, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, que fará visita oficial ao Brasil. Desde janeiro, Lula e Fernández encontraram-se quatro vezes. (Valor)
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou ontem que o banco central irá conduziu o aperto monetário, a partir deste momento, em “ritmo cauteloso”, à medida que os dirigentes caminham para encerrar o seu ciclo de alta de juros. Powell também afirmou, em seu testemunho perante o Comitê Bancário do Senado, que, a despeito de haver projeções para alívio dos juros em 2024, tudo dependerá da evolução da economia. (Mover)
As ações da Siemens Energy derretiam 31% em Frankfurt, após a companhia anunciar ontem que o impacto dos problemas de qualidade em seu negócio de turbinas eólicas da Siemens Gamesa seria sentido por anos. O problemas mais profundos do que o esperado podem custar mais de 1 bilhão de euros. A queda do preço das ações da Siemens Energy era a maior desde que o grupo, que fornece equipamentos e serviços para o setor de energia, foi desmembrado da Siemens e listado separadamente em 2020. (Reuters)
O Índice dos Gerentes de Compra composto da Zona do Euro caiu para 50,3 em junho, ante 52,8 no mês anterior e abaixo do consenso de mercado de 52,5, segundo uma estimativa preliminar. A leitura mais recente indicou uma desaceleração acentuada na expansão da produção do bloco devido a uma combinação de um aumento mais lento na atividade do setor de serviços e uma desaceleração cada vez maior na produção manufatureira. (Agências)
A taxa de inflação anual no Japão desacelerou inesperadamente para 3,2% em maio, ante 3,5% em abril e ficou abaixo do consenso do mercado de 4,1%. Os custos com móveis e utensílios domésticos desaceleraram, enquanto os preços das tarifas de combustível, luz e água caíram pelo quarto mês consecutivo, principalmente devido à queda de 17,1% dos preços da eletricidade. (Agências).