Por Luca Boni e Fabricio Julião
O Ibovespa seguia operando no campo negativo, com investidores atentos aos desdobramentos de votações na Câmara dos Deputados e à sabatina de Gabriel Galípolo no Senado. Devido ao feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos, o pregão é de baixa liquidez. As ações da Rede D’Or e da B3 pressionavam o índice, enquanto as da Braskem avançam.
Por volta das 12h00, o Ibovespa recuava 0,24%, aos 119.380 pontos. O índice está próximo de uma importante região de resistência técnica entre 120 mil e 121 mil pontos. O volume de negócios projetado para hoje é de R$10,2 bilhões, abaixo da média de 50 pregões.
A atenção dos investidores segue nas votações na Câmara. Ontem, o Projeto de Lei (PL) que retomaria o voto de qualidade do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) acabou sendo adiado por falta de consenso entre os deputados. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP), chegou a falar que não há mais compromisso de colocar o PL em votação esta semana.
Para hoje, está prevista a votação do Projeto de Lei Complementar que institui o novo arcabouço fiscal – a indecisão em torno do PL do Carf, porém, pode atrasar a apreciação. O governo federal colocou o arcabouço como prioridade máxima.
No Senado, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) sabatina o secretário Executivo do Ministério da Fazenda e “braço direito” do ministro Fernando Haddad (PT), Galípolo, para a diretoria de Política Monetária do BC.
Entre as principais detratoras por pontos do Ibovespa estão as ON Rede D’or, da B3 e da Ambev, que caíam 1,97%, 1,00% e 0,24%, respectivamente.
As PN da Azul e as ON da IRB Brasil cediam 2,44% e 2,33%, na mesma ordem, figurando entre as maiores quedas percentuais do Ibovespa.
Na ponta oposta, destaque para as PNA da Braskem, que avançavam 4,37% e projetavam um forte volume de negócios para a sessão. Mais cedo, a empresa divulgou um comunicado informando que a Novonor convidou a Unipar para iniciar o processo de “due diligence”, ou diligência prévia, da controlada Braskem, visando a apresentação de uma oferta final vinculativa pelo controle da maior petroquímica da América Latina.
As ON e PN da Petrobras subiam 0,57% e 0,62%, na sequência, sendo as principais contribuídoras por pontos do Ibovespa e impedindo maiores perdas do índice.
JUROS
As taxas dos contratos de juros futuros operavam em alta, devolvendo as perdas de ontem, com investidores repercutindo o dia turbulento no Congresso, em meio às expectativas pelo andamento das pautas do arcabouço fiscal e da Reforma Tributária.
Perto do 12h00 os DIs com vencimentos em Jan/24, Jan/25 e Jan/27 avançavam, respectivamente, 1,0 ponto-base, 8,0 pbs e 9,0 pbs, a 12,78% a 10,60% e 10,06%. Já as taxas dos contratos para Jan/31 e Jan/33 subiam 12 pbs e 11 pbs, na mesma ordem, a 10,61% e 10,67%.
O movimento da curva dos DIs ocorre após os sucessivos recuos nas últimas sessões, em movimentos de ajuste. Ontem, os vértices recuaram acentuadamente devido às revisões de expectativas do mercado sobre a inflação e a Selic terminal, registradas no boletim Focus.
“Hoje temos um movimento de correção de mercado pós fechamento de curva. Após um [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15] IPCA-15 muito melhor que o esperado e um Boletim Focus com redução da Selic, estamos acompanhando um forte fechamento da curva completa, principalmente nos vértices médios e longos. Portanto, vemos correção hoje, após o fechamento que tivemos nos dias anteriores”, afirmou o estrategista de investimentos da Matriz Capital, Lucas de Caumont.
CÂMBIO
O dólar subia levemente frente ao real, em sessão de menor liquidez devido ao feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos. Investidores hesitam diante de um dia agitado no Congresso Nacional brasileiro, enquanto mantêm a expectativa por sinalizações sobre os rumos das políticas monetárias dos países.
Por volta de 12h00, o dólar à vista subia 0,21%, a R$4,8180. Já o dólar futuro avançava 0,16%, a R$4,838.
A taxa de câmbio iniciou o dia com o fortalecimento do real, após depreciação no dia anterior, mesmo com o dólar cedendo, ontem, perante a maioria dos seus pares. No entanto, o movimento se inverteu e agora passa a oscilar perto da estabilidade.
No exterior, hoje, o dólar tinha desempenho misto, cedendo para 11 de 22 moedas acompanhadas pela Mover. O Índice DXY recuava 0,03%, aos 102.941 pontos.
Os investidores aguardam a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), nos EUA, que pode oferecer pistas sobre a condução da política monetária por lá, que será divulgada amanhã.
Caso o tom do comunicado venha mais duro, o entendimento majoritário deve passar a prever chances maiores de o Federal Reserve optar por mais dois aumentos intermitentes residuais na taxa de juros neste ano, conforme já indicou Jerome Powell. Neste cenário, o carrego entre Brasil e EUA diminuiria, por conta da perspectiva de redução da taxa de juros por aqui, o que pode impactar na taxa de câmbio.
EXTERIOR
As bolsas em Wall Street e o mercado de juros americanos estão fechados na sessão de hoje por conta do feriado da independência dos Estados Unidos.
Amanhã os investidores vão acompanhar a divulgação da ata da mais recente reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc)