Por Eduardo Puccioni
Os economistas consultados pelo boletim Focus, do Banco Central, aumentaram ainda mais a previsão de uma piora no cenário de inflação para os próximos anos, com a décima alta seguida na projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplio (IPCA) para 2023, além de elevar expectativa de aumento de preços para 2024, 2025 e 2026, mas com elevação na expectativa da taxa básica de juros (Selic) apenas para 2026.
A pesquisa reflete recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre meta e nível da inflação no Brasil, além do patamar da Selic. Em artigo publicado recentemente no portal da Fundação Getúlio Vargas, o economista-sênior da área de Macroeconomia da LCA e pesquisador do FGV Ibre, Braúlio Borges, diz que a revisão das expectativas na Focus reflete a visão de parte do mercado de que a meta de inflação será revisada para cima e que o BC, autônomo, irá cumprir essa nova meta. Também retrata a preocupação crescente com a sustentabilidade fiscal, que tende a ser endereçada com a apresentação de um novo arcabouço fiscal.
No boletim divulgado hoje, a estimativa para o IPCA de 2023 foi elevada de 5,79% para 5,89%, enquanto, para 2024, a inflação foi elevada de 4,00% para 4,02%, a quinta elevação seguida. Para 2025 a taxa avançou de 3,60% para 3,78%, enquanto, para 2026 as projeções foram elevadas de 3,50% para 3,70%.
Para a taxa Selic, a única alteração veio para 2026, que foi elevada de 8,50% para 8,75%. Para este ano foi mantida em 12,75%, enquanto para 2024 permaneceu em 10,00% e 9,00% para 2025.
Em relação ao Produto Interno Bruto, a projeção foi ligeiramente elevada de 0,76% para 0,80% em 2023, enquanto para 2024 foi mantida em 1,50%. Para 2025 houve redução, passando de 1,85% para 1,80%. Para 2026 foi mantida em 2,00%
No caso do câmbio, a projeção para o dólar foi mantida em R$5,25 em 2023 e reduzida de R$5,30 para R$5,29 em 2024.