Por: Leandro Tavares
Em dia de agenda fraca ao redor do globo, as bolsas internacionais operam sem direção única nesta segunda-feira, em uma semana na qual a expectativa global está toda concentrada na decisão de juros nos Estados Unidos, na quarta-feira. No Brasil, além da divulgação do Boletim Focus, os agentes também estão em compasso de espera pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que deve cortar mais uma vez a Selic.
Além do Fed e do Copom, ainda serão divulgadas as taxas de juros de dois gigantes asiáticos, Japão e China. O primeiro vive o desafio de conciliar sua política monetária ultra expansionista a uma inflação mais alta, enquanto o segundo precisa acelerar seu crescimento.
Na Europa, os mercados iniciam a semana em território negativo, ainda digerindo a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de elevar a taxa de juros em 25 pontos-base na semana passada, para 4,50% ao ano, como forma de tentar controlar a inflação.
Ainda por lá, as bolsas sentem a derrocada do setor financeiro nesta segunda-feira, depois de o novo CEO do Societe Generale, terceiro maior banco da França, anunciar seu primeiro plano estratégico, que tem como premissa o corte de custos, para aumentar os lucros até 2026. O anúncio coloca a ação da instituição em queda de mais de 6%.
Na Ásia, os mercados encerraram mistos, ainda reverberando os dados positivos na China na última sexta-feira, na qual as vendas de varejo e a produção industrial vieram acima do esperado, evidenciando que os estímulos recentes no mercado imobiliário e financeiro ajudaram a impulsionar a economia, mesmo que de forma modesta.
Nos EUA, a maioria do mercado espera um aumento dos juros americanos em novembro, já que os núcleos de inflação ainda permanecem fortes, necessitando de mais uma dose de aperto monetário.
Para a equipe econômica do Santander, entretanto, o banco central americano manterá os juros no nível atual por um longo período, não devendo ter nenhum aumento antes do segundo trimestre de 2024. “Na nossa visão, o Fed não subirá mais os juros neste ciclo, considerando que tanto o mercado de trabalho quanto a inflação mostram maiores sinais de arrefecimento nos EUA”.
Na agenda do dia, o único indicador de destaque é o do mercado imobiliário da NAHB, às 11h, que prevê 50 pontos para setembro, o mesmo número visto em agosto, atestando que o setor se encontra em estado de resiliência. Lembrando que leitura abaixo de 50 pontos indica uma retração da atividade.
Às 17h, o governo americano divulga o investimento estrangeiro em títulos do mês de julho. No mês imediatamente anterior, o valor havia sido de US$66,40 bilhões.
No Brasil, o Banco Central divulga, a partir das 8h25, a expectativa do mercado para a economia brasileira, após na semana anterior aumentar as projeções tanto para a inflação quanto para o Produto Interno Bruto (PIB).
Os dados de serviços e varejo, divulgados na semana passada, que são olhados de lupa pelo BC, deram certo ânimo ao mercado, já que ambos mostraram crescimento na base mensal, como reflexo da melhora da economia brasileira no segundo trimestre.
Essa melhora chegou até levantar a hipótese dos agentes de que o Copom pudesse cortar a Selic na quarta-feira acima de 50 pontos-base, mas logo a tese caiu por terra, uma vez que parte dos núcleos ainda mostra dificuldade na recuperação.
Com isso, a expectativa é que a taxa de juros seja cortada em 50 pontos-base, como disse o Comitê na ata da última reunião, passando a Selic de 13,25% para 12,75% ao ano.
Às 8h, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulga o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da segunda quadrissemana de setembro, e o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), que tem como objetivo medir a evolução dos preços dos diversos produtos e serviços no país.
Na política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa de encontros bilaterais em Nova York, antes da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidos (ONU), prevista para iniciar nesta terça-feira.
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lança hoje na Nyse os títulos soberanos sustentáveis, os chamados green bonds. Ontem, ao chegar em Nova York, o ministro disse que fará uma apresentação para mais de 60 investidores estrangeiros, com a previsão de atrair US$1 bilhão nessa primeira emissão.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que acompanha a comitiva brasileira nos EUA, disse que o chamado centrão entrou de fato na base do governo, após os partidos receberem alguns ministérios, e prometeu a conclusão da reforma tributária em outubro, além de acreditar na aprovação da taxação das offshores.
Na sexta-feira, o Ibovespa encerrou em queda, em movimento de ajuste, após dados econômicos na China e nos EUA. No mercado de câmbio, o dólar fechou estável, com investidores digerindo dados econômicos no exterior e à espera da “super quarta”.
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MERCADOS GLOBAIS
Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em alta de 0,02%, 0,07% e 0,14%, respectivamente.
O Índice Stoxx Europe 600 caía 0,67%, enquanto o índice alemão DAX tinha queda de 0,60% e o britânico FTSE-100 tinha baixa de 0,35%. Entre os setores, destaque para o segmento de consumo, que cai 0,78%.
O dólar americano operava em queda em comparação aos pares. O DXY caía 0,12%, aos 105,209 pontos. No geral, as moedas operam sem direção única, com destaque para o lira turca, que sobe 0,21%.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em alta de 1 ponto-base, a 4,345%.
Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong caiu 1,39%, enquanto o Xangai Composto teve subiu 0,26%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, não abriu devido a um feriado nacional.
O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, caiu 0,17%, às 6h00, cotado a US$119,50 por tonelada, movimento de realização, após altas recentes que fizeram a commodity ultrapassar a marca de US$120.
O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em alta de 0,40%, a US$94,31, em meio a expectativa de que a commodity enfrente um grande déficit nos últimos meses do ano, diante dos cortes na oferta da Arábia Saudita e da Rússia.
O Bitcoin tinha alta de 1,15% nas últimas 24 horas, a US$26.892,00; o Ethereum subia 0,27% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir em alta, diante da expectativa pela decisão de juros aqui e nos EUA, além da alta do petróleo, que deve influenciar a Petrobras. De acordo com o BB Investimentos, o índice tem suporte mínimo em 114 mil pontos e resistência máxima em 128.800 pontos.
Câmbio: O dólar futuro deve abrir em baixa, mesmo movimento visto na sexta-feira, com investidores na expectativa pelas decisões de política monetária aqui e nos EUA.
Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de alta. Os juros futuros nos EUA operam em queda, à espera da decisão do Fed.
DESTAQUES
Um crescimento mais rápido, uma inflação mais baixa e um mercado de trabalho que resiste a uma desaceleração preparam o terreno para um conjunto atualizado de projeções trimestrais do Federal Reserve em sua reunião desta semana. Os indicadores, provavelmente, devem apontar para perspectivas contínuas do sonhado “pouso suave” perseguido pelo presidente do Fed, Jerome Powell. (Reuters)
Os rendimentos dos títulos da dívida pública do Japão recuaram na sessão da sexta-feira, à medida que uma demanda melhor do que previsto pelos bonds no leilão daquele dia impulsionou o sentimento dos investidores. Ainda assim, os operadores monitoram uma potencial reversão da política monetária ultra frouxa do Banco do Japão em sua decisão de juros desta semana. (Reuters)
Além do desempenho estelar de companhias tecnológicas neste ano, na esteira de um frenesi envolvendo a inteligência artificial, há dúvidas sobre a saúde dos mercados acionários. Grandes setores do mercado continuam não convencidos de que a economia caminha para algum local. A performance de bancos e de companhias da velha economia mostra-se dispare quando analisadas a partir do espectro de exuberância das tecnológicas. (Bloomberg)
O megainvestidor Ray Dalio afirmou na semana passada preferir manter recursos em caixa do que aportá-los em títulos de dívida, à medida que aumentam os temores com os juros em níveis restritivos e inflações acima das metas perseguidas pelos bancos centrais. “Temporariamente, no momento, acho que dinheiro em caixa é bom”, afirmou Dalio, em audiência no Instituto Milken na quinta-feira. (CNBC)
BC coordenada expectativas e mercado aposta em corte da Selic de 0,5 ponto. De 140 instituições ouvidas pelo Valor, 139 esperam que a Selic caia de 13,25% para 12,75% ao ano, enquanto uma projeta baixa de 0,25 ponto. (Valor)
Superávit primário em futuro próximo é “questão aritmética” e vai acontecer, afirma Haddad. Entre as prioridades da agenda de trabalho, citou a necessidade de “brecar pautas-bomba”, de revisão de gastos para evitar desperdícios e a luta contra os chamados supersalários do funcionalismo público. (Valor)
O que fazer para zerar o rombo fiscal? Economistas defendem um programa de corte de gastos como uma das premissas para o cumprimento da meta em 2024. (Estadão)
O presidente do sindicato dos trabalhadores da indústria automobilística, Shawn Fain, disse ontem que não se comoveu com a oferta de um aumento salarial de 21% da Stellantis NV, enquanto a greve contra as três grandes montadoras dos EUA entra no seu quarto dia hoje. O sindicato e as empresas, que também incluem a Ford Motor e a General Motors, deverão retomar as negociações nesta segunda-feira. (Bloomberg)