Por Artur Horta
São Paulo, 25/1/2023 – Após a Americanas divulgar uma lista que elencou o Deutsche Bank como maior credor, o banco alemão negou qualquer exposição de crédito junto à varejista, que entrou em processo de recuperação judicial na semana passada, após a descoberta de “inconsistências contábeis” no valor de cerca de R$20 bilhões.
“O Deutsche Bank não foi afetado”, disse o banco em nota à Mover, em resposta a questionamentos sobre os impactos da crise que levou a centenária varejista ao quarto maior processo de proteção contra credores do país, com um passivo de R$41,2 bilhões.
Na prática, o DB atua apenas como um agente fiduciário, ou trustee, de dois títulos de dívida de US$500 milhões cada, emitidos pela Americanas no exterior no segundo semestre do ano passado.
O DB, como trustee, mantém apenas o título de dívida em seu poder, mas os papéis são de investidores. Dessa forma, o banco alemão não possui exposição aos “bonds”.
Fontes do mercado disseram à Mover que o mesmo pode ter ocorrido em outras instituições financeiras, o que implicaria em valores diferentes dos divulgados pela lista da companhia.
Na relação de 7.720 credores divulgada pela Americanas, o DB liderava entre impactados, com créditos de R$5,23 bilhões; seguido de Bradesco, com R$4,80 bilhões; Santander, com R$3,65 bilhões; e BTG Pactual, com R$3,51 bilhões.
Depois da divulgação do documento, o Banco Votorantim comunicou que o quadro apresentado pela Americanas não refletia sua real exposição. Enquanto na lista o valor era de R$3,28 bilhões, o BV alega que detinha R$206 milhões em créditos em 11 de janeiro, quando a varejista tornou pública a descoberta das “inconsistências contábeis”.
A varejista de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles citou ainda alguns fornecedores com créditos milionários, como Samsung, Google, Apple, Lenovo, Nestlé, Ferrero Rocher e Ambev, além de pessoas físicas.