Por Machado da Costa e Artur Horta
A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ordenar a Petrobras (PETR4) a segurar os preços dos combustíveis – segundo informações da corretora Guide – tem gerado grande repercussão no mercado e derruba as ações da companhia na bolsa nesta terça-feira (1º). Perto das 12h30, as PN da Petrobras caíam 2,19% e eram negociadas a R$30,43.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, foi convocado para uma reunião no Palácio do Planalto hoje, onde, segundo a Guide, recebeu a instrução de não realizar reajuste dos preços dos combustíveis naquele momento.
De acordo com as informações obtidas pela corretora e atribuídas ao consultor político Thomas Traumann, Lula mandou suspender os reajustes que seriam dados entre hoje e amanhã e mandou segurar os preços “até onde der”.
A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) informou que os preços dos combustíveis estão atualmente defasados em 24% no caso da gasolina, e em 23% no diesel. Ontem, o Scoop by Mover, citando cálculos da Abicom, informou que essa defasagem resulta em um custo de oportunidade trimestral de R$13,5 bilhões à Petrobras.
Diante do impacto financeiro que a Petrobras vem enfrentando em virtude da decisão, muitos investidores e analistas estão preocupados com a saúde financeira da empresa, tendo em vista as experiências passadas de controle de preços de combustíveis que custaram caro à companhia.
Em comunicado ao mercado, a Petrobras justificou ontem que “o momento é de grande incerteza” quanto à recuperação da economia global e à oferta de petróleo e de combustíveis de maneira geral, o que influencia diretamente a demanda por energia. “Essa combinação, no curtíssimo prazo, levou a uma elevação dos preços de referência e da volatilidade”, diz um trecho do comunicado.
A estatal também informou que observa com atenção os desdobramentos do mercado de petróleo, ressaltando que eventuais reajustes serão feitos “quando necessários” e “suportado por análises técnicas”. A companhia destacou ainda que a atual política não tem periodicidade definida para os reajustes, e trabalha para evitar repassar a volatilidade do petróleo e câmbio aos preços.