Por Juliana Machado
O Conselho Monetário Nacional (CMN) deve adotar o regime de metas de inflação contínuo, ao invés do atual ano-calendário, mas manter a meta em 3% até 2025, o que deve ajudar a reancorar as expectativas de agentes financeiros e abrir espaço para o corte de juros. A opinião é do economista-chefe do Itaú Unibanco (ITUB4), Mário Mesquita.
Em evento para comentar as perspectivas macroeconômicas da casa nesta quarta-feira (28), Mesquita afirmou que não espera mudanças nas bandas da meta, isto é, o piso e o teto de tolerância para a inflação. “É um aprimoramento do regime de metas e, se for confirmado, é uma boa notícia para a economia brasileira”, disse.
A reunião do CMN que deve decidir sobre o tema acontecerá amanhã. Se a decisão não vier nessa direção, segundo o economista, isso vai atrapalhar a reancoragem das expectativas e, consequentemente, a flexibilização monetária.
Embora haja críticas a um patamar de 3% para a meta de inflação no Brasil, Mesquita ponderou que outros países da América Latina têm o mesmo objetivo. “Dizem que é difícil de conseguir [cumprir a meta], como se não fosse para os demais países também”, afirmou. “Se não for assim, teremos outro problema, que é a inflação alta.”
O economista trabalha com um cenário de inflação de 5,3% este ano e revisou para 4,4% a estimativa para 2024, de 4,5%. No caso da taxa Selic, Mesquita espera que termine 2023 em 12,25%, com corte já em agosto, mas em “ritmo parcimonioso”, conforme indicou o próprio Comitê de Política Monetária (Copom).