Clima externo ameno antecede agenda local movimentada

Atenção aos dados de crédito de fevereiro, números sobre emprego formal e dívida pública

Unsplash
Unsplash

Por: Patrícia Lara

O ambiente favorável ao risco prevalece no exterior e as bolsas europeias e os futuros dos índices acionários americanos sobem nesta quarta-feira, refletindo a continuidade da diminuição dos receios com o setor bancário. A melhora do clima antecede uma agenda pesada no Brasil, com destaque para os dados de crédito de fevereiro, que serão analisados à luz do impacto do caso Americanas, além dos números sobre emprego formal e da dívida pública.

Na Europa, as ações do UBS estão em destaque e sobem cerca de 2% na Bolsa da Suíça após o banco informar que Sergio Ermotti está voltando para o cargo de diretor executivo, substituindo Ralph Hamers após este ocupar o posto por pouco mais de dois anos. A contratação do banqueiro veterano ocorre após a complicada aquisição do Credit Suisse.“A confiança tem que ser reconstruída. Confiança no setor bancário em geral e nos formuladores de políticas, e Sergio Ermotti é certamente alguém capaz de oferecer estabilidade e incutir confiança”, disse Beat Wittmann, sócio da Porta Advisors, em entrevista à CNBC.

Com a menor aversão ao risco no exterior, a demanda por ativos seguros diminui e pressiona os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, o que faz com que os rendimentos, que seguem rumo inverso aos preços, subam nos vencimentos mais curtos. A taxa de um ano tinha alta de 4,6 pontos-base, a 4,604%, perto das 7h00. No câmbio, o Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de divisas pares, oscila com alta marginal, ao redor de 102,40 pontos.

No mercado de commodities, o preço do petróleo Brent prolongava os ganhos para o terceiro dia seguido, com o contrato futuro para maio negociado acima de US$79,00 o barril, após relatório do Instituto Americano de Petróleo, divulgado ontem, mostrar queda de 6,1 milhões de barris nos estoque dos EUA na semana passada, segundo fontes com acesso ao documento citadas pelas agências internacionais. Foi a maior queda do estoque no país neste ano e a dinâmica pode ser confirmada hoje com o relatório oficial do governo americano.

Já o otimismo com a demanda por aço na China predominou como fator de suporte para a cotação do minério de ferro, que fechou a sessão na Bolsa de Dalian em alta de 1,5%, para 890,50 iuanes, ou o equivalente a US$129,26 por tonelada.

No Brasil, o mercado vai acompanhar com mais atenção os dados de crédito de fevereiro para entender o impacto do caso Americanas. O Banco Central divulga o relatório às 8h30. Na véspera, a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária do Banco Central citou que houve um aperto nas condições para concessão de crédito em algumas modalidades. Alguns membros do BC avaliaram que tal movimento está em linha com o esperado, considerando a elevação de juros empreendida até meados do segundo semestre de 2022.

Para o cientista político Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores Associados, a ata do Copom indicou que o BC quer evitar um enfrentamento às críticas de políticos do governo federal, o que mostra que o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, não pretende entrar em um confronto direto com essa ala.

Ainda entre os indicadores locais, saem dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados de fevereiro, às 14h00, e o relatório mensal da dívida de fevereiro, às 14h30.

Na esfera política, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tem reuniões com secretários da pasta, às 9h00, além de encontros com líderes do MDB, PSD e Republicanos no Congresso e com representantes da Receita Federal. Na véspera, o ministro disse que o governo realizaria nesta quarta-feira uma reunião conclusiva sobre o novo arcabouço fiscal, além de ter garantido que divulgará a proposta nesta semana.

Já a agenda do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, inclui reunião com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, para tratar de assuntos institucionais. O evento é fechado à imprensa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) remarcou sua viagem para a China para 11 de abril, segundo coluna do G1, após ter cancelado a visita em virtude de uma broncopneumonia.

Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura.

MERCADOS GLOBAIS

O futuro do petróleo Brent para entrega em maio subia 0,84%, para US$79,31 o barril.

O contrato de ouro para entrega em junho cedia 0,30%, a US$1.984,70 a onça-troy.

O Bitcoin avançava 4,13% nas últimas 24 horas, a US$28.437; o Ethereum subia 2,44% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, subia 1,12% no pré-mercado americano.

Os contratos de juros futuros na B3 podem prolongar movimento visto na véspera, quando as taxas curtas subiram com o sinal duro da ata do Copom, enquanto os longos cederam, ajudados pelo recuo do dólar.

DESTAQUES

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou ontem que discutirá nesta quarta-feira com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o novo arcabouço fiscal, em uma reunião que será “conclusiva”. O encontro, contudo, não consta na agenda oficial de Haddad nesta manhã. Em entrevista a jornalistas, o ministro também pontuou a necessidade de que o novo arcabouço tenha como prazo para encaminhamento ao Congresso até o dia 15 de abril, já que tem de estar compatível com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). (Mover)

O Bradesco retomará operações de empréstimo consignado a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) após o governo ter aprovado novo teto de juros para a categoria, elevando de 1,70% para 1,97%. A Caixa também voltará a atuar na modalidade, assim como o Banco do Brasil, segundo fontes. (Valor)

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), recebeu alta hospitalar ontem após passar por cirurgia para retirar um cálculo renal, segundo comunicado do governo de SP. Ele está em Londres, na Inglaterra. A participação do governador nos demais compromissos da missão de governo, que segue na quinta-feira para Paris, depende de avaliação e recomendação médica, diz o comunicado. (Mover)

A reestruturação da gigante do comércio eletrônico Alibaba, que pode gerar várias ofertas públicas iniciais (IPOs) de suas unidades, impulsionou empresas de tecnologia chinesas, diante da expectativa de que a repressão de Pequim sobre o setor possa ser flexibilizada. As ações da companhia subiram 12% em Hong Kong, dando continuidade a um rali de seus ativos listados em Nova York ontem e conferindo um valor de mercado ao grupo de US$255 bilhões. (Reuters)

O indicador de clima entre os consumidores alemães, medido pelo Instituto GfK, melhorou pelo sexto mês consecutivo, caminhando para um patamar de -29,5 em abril, ante -30,6 em março e ante o consenso de mercado de -29,2. A expectativa com a renda foi a principal contribuição para o resultado, refletindo a recente queda dos preços de energia. (Reuters)

Promotores dos Estados Unidos divulgaram na última terça-feira uma nova acusação contra Sam Bankman-Fried, acusando o fundador da agora falida plataforma de criptomoedas FTX de ter pago um suborno de US$40 milhões a autoridades chinesas para que pudesse restaurar seu acesso a contas congeladas contendo mais de US$1,0 bilhão em criptoativos. (Agências)

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou ontem que a crise bancária nos Estados Unidos “ainda não acabou”, e que ele está fazendo o possível para enfrentar a situação. (Reuters)

As ações da Ambev subiram quase 5% no pregão de ontem, após pedido de recuperação judicial do Grupo Petrópolis, dona das marcas de cerveja Itaipava e Petra. Analistas do Itaú BBA disseram que a notícia é, a princípio, positiva para a Ambev, mas destacaram que é cedo para falar sobre o longo prazo, uma vez que a crise da rival poderia atrair um novo “player” capitalizado para o mercado ou gerar oportunidades para empresas como a Heineken. (Mover)

AGENDA

Estoques de crédito (Brasil) – O Banco Central brasileiro divulgará o estoque total de operações de crédito do sistema financeiro. Divulgação: 08h30. Anterior: -0,3%.

Taxa de Inadimplência (Brasil) – O Banco Central brasileiro divulgará a taxa de inadimplência de operações de crédito de fevereiro. Divulgação: 08h30. Anterior: 4,5%.

Índice de Preços ao Produtor (Brasil) – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas divulgará o Índice de Preços ao Produtor de fevereiro. Divulgação: 09h00. Anterior: 0,29%. Consenso: -0,30%.

Michael Barr (Fed) – O vice-presidente do Federal Reserve, Michael Barr, testemunhará perante o comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Estados Unidos. Horário: 11h00.

Estoques de petróleo (Estados Unidos) – A Agência de Informações de Energia publicará a variação semanal dos estoques americanos de petróleo bruto e derivados. Divulgação: 11h30. Anterior: 1,18 milhão de barris. Consenso: 187 mil barris.

Leilão do Tesouro (EUA) – O Tesouro americano realizará leilão de Treasuries de sete anos. Horário: 14h00.

Caged (Brasil) – O Ministério do Trabalho e Emprego brasileiro divulgará os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados de fevereiro. Divulgação: 14h00. Anterior: 83,2 mil.

Relatório Mensal da Dívida (Brasil) – O Ministério da Fazenda divulgará o Relatório Mensal da Dívida Pública de fevereiro. Divulgação: 14h30. Anterior: R$5,768 trilhões.

Fluxo Cambial (Brasil) – O Banco Central divulgará o fluxo cambial semanal para a semana encerrada em 24 de março. Divulgação: 14h30. Anterior: +US$4,04 bilhões

Isabel Schnabel (BCE) – A diretora do Banco Central Europeu Isabel Schnabel participará de evento econômico promovido pela Associação Nacional para Negócios Econômicos. Horário: 17h45.

Balanços (Brasil) – A Equatorial e a Orizon publicarão os seus resultados do quarto trimestre de 2022 após o fechamento dos mercados brasileiros.