Por Patrícia Lara
Os mercados globais iniciam a semana em leve recuperação, refletindo uma pausa na onda de aversão ao risco provocada pelas preocupações com a saúde financeira do sistema bancário. As bolsas europeias e os futuros dos índices acionários americanos operam em leve alta, enquanto o dólar inicia o dia perto da estabilidade.
As ações do Deutsche Bank, que sofreram pesadas perdas na sexta-feira diante da desconfiança sobre a vulnerabilidade da instituição, subiam 4,4%, com os investidores mais seguros sobre a condição do setor bancário.
Nos Estados Unidos, o First Citizens Bank concordou em comprar uma grande parte do Silicon Valley Bank, informou a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), agência federal dos EUA garantidora de depósitos bancários.
O dólar americano tem alta marginal frente a moedas exportadoras de commodities, como o dólar australiano, enquanto o Índice Dólar, que mede a variação da moeda ante uma cesta de divisas, está perto da estabilidade. Ao mesmo tempo, investidores desmontam posições nos títulos do Tesouro americano e os rendimentos dos papéis, que seguem sentido inverso aos preços, subiam.
Um contraponto a esse ambiente mais positivo vem da China. O lucro industrial no país despencou 22,9% nos primeiros dois meses do ano em comparação com igual período de 2022, à medida que a atividade na fábricas encontram dificuldades de recuperação das interrupções provocadas durante a pandemia. Entre as indústrias do setor de computadores e equipamentos , o tombo foi de 77,1% no de fundição e de 57,2% no de laminação de metais não ferrosos. As ações das mineradoras cediam em Londres após a divulgação dos dados.
Nas commodities, os contratos futuros de minério de ferro de Dalian e Cingapura se recuperaram dos níveis sobre vendidos diante da sequência de quedas, embora a decepção dos traders, principalmente com a fraca demanda por produtos de aço para construção na China, tenha limitado os ganhos. Já o petróleo Brent tinha leve alta.
No Brasil, a pesquisa Focus com projeções sobre as principais variáveis econômicas pode trazer efeito da mensagem mais dura do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada nas expectativas para a inflação e taxa básica de juros (Selic). A ata da reunião, com divulgação amanhã, será peça importante diante do aumento do volume das críticas à postura do Banco Central.
Com pneumonia e influenza A, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cancelou a viagem que faria à China. Com o adiamento da missão presidencial ao país asiático, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, decidiu também cancelar a viagem e deve permanecer em Brasília esta semana, o que pode antecipar a decisão sobre o novo arcabouço fiscal, dizem os jornais.
A agenda é leve nos EUA nesta segunda-feira. O principal destaque é a participação do diretor do Federal Reserve, Philip Jefferson, em evento às 18h00. No Brasil, saem dados do setor externo de fevereiro, além do investimento estrangeiro direto de fevereiro.
MERCADOS GLOBAIS
O futuro do petróleo Brent para entrega em maio subia 0,61%, a US$75,45 o barril.
O contrato de ouro para entrega em abril recuava 1,35%, a US$1.957,40 a onça-troy.
O minério de ferro subiu 2,2% na bolsa chinesa de Dalian, a 873,50 iuanes, ou o equivalente a US$127,00 a tonelada.
O Bitcoin recuava 0,32% nas últimas 24 horas, a US$28.016; o Ethereum cedia 0,70% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, estava estável no pré-mercado americano.
Os contratos de juros futuros na B3 podem descomprimir prêmio de risco diante do noticiário com menos ruído sobre o Banco Central no fim de semana.
DESTAQUES
No dia seguinte ao encontro do do Copom, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tentou baixar a temperatura do ambiente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, diz coluna. Apesar do duro comunicado que seguiu ao anúncio da manutenção da Selic em 13,75%, o presidente do BC procurou o ministro na manhã de quinta-feira e disse que no documento havia alguns acenos do BC. Haddad, evidentemente, não concordou. (O Globo)
O acordo acertado pelo First Citizens Bank para comprar o Silicon Valley Bank inclui a aquisição aproximada de US$72 bilhões de ativos do SVB a um valor descontado de US$16,5 bilhões, mas uma parcela ainda ficará sob o controle do FDIC, segundo comunicado no website da agência. Aproximadamente US$ 90 bilhões em títulos e outros ativos permanecerão em liquidação judicial para alienação pelo FDIC. Além disso, o FDIC recebeu direitos de valorização de ações na First Citizens, com um valor potencial de até US$500 milhões.Em 10 de março, autoridades norte-americanas encerraram as atividades do SVB, conhecido por financiar startups. (Mover)
O presidente do Banco Nacional Saudita, Ammar al-Khudairy, renunciou ao cargo nesta segunda-feira, dias depois de seus comentários exacerbarem o colapso das ações do Credit Suisse. Ele será substituído pelo Diretor Administrativo e CEO do Grupo SNB Mohammed al-Ghamdi, de acordo com um comunicado do SNB à Bolsa de Valores saudita. O Saudi National Bank, no qual o fundo soberano saudita detém uma fatia de 37%, tornou-se o maior acionista do Credit Suisse no fim de 2022, mas Khudairy descartou nova injeção de capital no banco suíço em meados deste mês, o que desencadeou um tombo das ações. (Financial Times)
O Tesouro dos Estados Unidos informou na sexta-feira que as autoridades do órgãos reuniram-se com membros do Conselho de Estabilidade Financeira do país e concordaram com o diagnóstico de que o sistema bancário permanece “sólido e resiliente”, apesar de algum estresse observado em algumas instituições do país. (Reuters)
Grandes protestos eclodiram em Israel durante a virada da noite, com dezenas de milhares de pessoas saindo às ruas depois que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu demitiu seu ministro da Defesa por pedir um adiamento da reforma do Judiciário, alertando que representava uma “ameaça tangível” à segurança de Israel.(Financial Times)
O bilionário Jack Ma, fundador do grupo de e-commerce Alibaba, retornou à China após ficar cerca de um ano fora do país. O exílio de Ma no Japão foi visto como um sinal de conflitos entre o empresário e as lideranças do regime socialista, e seu retorno ajuda a reduzir receios em torno da relação entre a China e o setor privado. (Agências)
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado deve realizar amanhã a primeira audiência sobre o caso Americanas, com as participações do atual diretor-presidente da companhia, Leonardo Coelho Pereira, e do ex-presidente Sérgio Rial, além do presidente da Comissão de Valores Mobiliários, João Pedro Nascimento. (Agências)
AGENDA
Confiança do Consumidor (Brasil) – A Fundação Getúlio Vargas divulgará a Confiança do Consumidor de março. Divulgação: 08h00. Anterior: 84,5. Consenso: 84,0.
Boletim Focus (Brasil) – O Banco Central divulgará o Boletim Focus semanal. Divulgação: 08h25.
Estatísticas do setor externo (Brasil) – O Banco Central divulgará as estatísticas do setor externo de fevereiro. Divulgação: 08h30.
Investimento Estrangeiro Direto (Brasil) – O Banco Central divulgará os dados do investimento estrangeiro direto de fevereiro. Divulgação: 09h30. Anterior: US$6,88 bilhões. Consenso: US$7,50 bilhões.
Leilão de Treasuries (Estados Unidos) – O Tesouro americano realizará leilão de Treasuries de dois anos. Horário: 14h00.
Philip Jefferson (Fed) – O diretor do Federal Reserve Philip Jefferson discursará em evento promovido pela Washington and Lee University. Horário: 18h00.
Balanços (Brasil) – A Bradespar, a nima e a Rede D’Or divulgarão seus resultados do quarto trimestre de 2022 após o fechamento dos mercados brasileiros.