Por: Luciano Costa
Banco do Brasil (BBSA3) e Itaú Unibanco (ITUB4) devem novamente se destacar entre os “bancões” na temporada de balanços do segundo trimestre, que caminha para ser melhor que a anterior, mas ainda com impactos pela maior inadimplência, segundo analistas, que tentam entender se a deterioração das condições de crédito já fez pico.
O lucro recorrente do BB deve ficar próximo de R$8,7 bilhões, pouco acima dos R$8,5 bilhões do trimestre passado, com a rentabilidade sobre o patrimônio líquido, ROE, em 18,9%, abaixo dos 21% do período anterior, segundo o TC Consenso.
O Itaú, por sua vez, caminha para lucros de R$8,6 bilhões, ante R$8,4 bilhões de janeiro a março, com ROE de 20,4%, recuo de 0,3 ponto percentual, de acordo com o TC Consenso, que reuniu projeções de quatro casas.
O Santander Brasil deve ver avanço de 16% no resultado, para R$2,5 bilhões, beneficiado por ganho com a venda de fatia no site de comércio de carros Webmotors, e ROE de 11,4%. O Bradesco deve ser de novo um destaque negativo, devido ao menor ROE, de 11,3%, embora o lucro deva saltar para R$5,5 bilhões, de R$4,28 bilhões no primeiro trimestre.
“Em nossa visão, os resultados dos bancos seguirão em ritmo parecido com o observado no primeiro trimestre, com a qualidade de crédito ainda no radar. No geral, devemos ver ROAEs em linha com o trimestre passado, com Itaú Unibanco e BB mantendo níveis de 20% e com Santander e Bradesco podendo apresentar tímida melhora”, escreveram analistas do Inter.
O Itaú BBA, que vê o BB como um destaque entre os maiores do setor, projeta resultados “fracos” para Santander e Bradesco, afetados por uma menor margem financeira, custos operacionais e pressões de provisões de crédito. “Investidores estarão procurando pistas sobre se o primeiro semestre foi o fundo do poço para o setor, e sobre como está se desenhando o segundo semestre e 2024”, avaliou a equipe do banco.
O UBS-BB disse que suas estimativas para várias linhas dos balanços estão abaixo de projeções dos próprios “bancões”, divulgadas antes, mas disse manter uma visão positiva para o setor, por avaliar que as ações estão relativamente baratas.
“Não temos certeza se o Bradesco e o Itaú vão revisar formalmente suas projeções na divulgação de balanços do segundo trimestre, mas acreditamos que seus executivos irão ao menos indicar que algumas expectativas não serão alcançadas”, afirmaram, em relatório a clientes.
Os analistas do BTG, por sua vez, pontuaram que o BB pode frustrar um pouco as projeções de lucros devido a maiores provisões, e que o resultado mais forte do Santander não deve se manter nos próximos meses, uma vez que deve-se em parte à venda do Webmotors.
“Entre os bancos incumbentes, nós ainda preferimos Itaú e BB a Bradesco e Santander”, apontou o time do BTG, em relatório com projeções para o segundo trimestre dos bancos.
A temporada de balanços dos “bancões” começa em 26 de julho, com o Santander Brasil. Em 3 de agosto, chega a vez do Bradesco, enquato o Itaú Unibanco reporta no dia 7 de agosto e o Banco do Brasil em 9 de agosto.