Ata do Copom lista possível alteração da meta como parte do motivo para expectativas desancoradas

Documento cita debate sobre juro neutro mais alto

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Por: Patricia Lara

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) enfatizou que as expectativas de inflação seguem desancoradas, em parte relacionado ao questionamento sobre uma possível alteração das metas de inflação futuras e repetiu que a retomada do ciclo de aperto monetário se tornou menos provável, segundo ata divulgada nesta terça-feira sobre o encontro da semana passada em que a taxa de juros Selic foi mantida inalterada em 13,75%.

O Copom enfatizou que a execução da política monetária, neste momento, requer serenidade e paciência para incorporar as defasagens inerentes ao controle da inflação através da taxa de juros e, assim, atingir os objetivos no horizonte relevante de política monetária. Entre os pontos da ata, o Copom observou que não houve grande alteração no cenário prospectivo do hiato do produto. O Copom também cita que a inflação é movida por excesso de demanda, especialmente em serviços.

Segundo o documento, o Copom notou que o cenário de concessão de crédito doméstico parece compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária, ainda que persista uma diminuição mais acentuada da oferta de crédito em modalidades específicas.

“O Comitê antecipa uma moderação na concessão do crédito ao longo dos próximos meses, mas em linha com o que se observou em ciclos anteriores de aperto de política”.

Caso ocorram fricções relevantes localizadas no sistema, o comitê reforçou que o Banco Central possui os instrumentos de liquidez apropriados e necessários, ligados à política macroprudencial.

O documento refere-se ao encontro dos dias 2 e 3 de maio, portanto antecede a indicação dos novos diretores do Banco Central. Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), indicou o secretário-executivo da pasta, Gabriel Galípolo, para a diretoria de Política Monetária do Banco Central.

Em relação ao cenário externo, a ata do Copom observou que o impacto da crise bancária dos EUA no Brasil é limitado.

Juro neutro

O Copom também abordou, na ata divulgada nesta manhã, a discussão sobre o patamar atual do juro neutro.

No debate sobre o tema, o documento indica que alguns membros ressaltaram que a conjuntura marcada por uma possível elevação das taxas de juros neutras nas principais economias, a resiliência na atividade brasileira e um processo desinflacionário lento poderia ser compatível com uma medida de taxa neutra mais alta do que aquela utilizada pelo Comitê.

“Nessa linha de argumentação, por consequência, incorrer-se-ia em um impacto menos contracionista do atual aperto monetário do que o implícito em seus cenários. Entretanto, a maioria dos membros do comitê julgou que essa interpretação ainda parece prematura e necessita de corroboração maior dos dados”, diz o parágrafo 7.