Por Stéfanie Rigamonti
O time de gestão do fundo Verde FIC FIM analisou em carta enviada a cotistas que o novo arcabouço fiscal foi o principal motor do mercado brasileiro em março.
“Não temos os detalhes ainda, então muito do que se analisa até aqui foi a partir de parâmetros e declarações de membros do governo, mas o arcabouço consegue ser ao mesmo tempo pior do que o necessário e melhor que o temido”, diz um trecho do documento, que aborda a performance do fundo em março.
O time do Verde espera “discussões complicadas” para aprovar a nova regra fiscal no Congresso e observou que o projeto prevê o aumento da arrecadação e de despesas públicas, destacando que a gestão petista é reconhecida “por gastar muito e mal”.
A gestora analisou que a busca por superávits primários nos próximos anos é algo construtivo na nova âncora fiscal. O time lembrou ainda que após a apresentação do projeto, houve redução da incerteza fiscal e os mercados de juros e câmbio foram os que melhor reagiram à divulgação de detalhes do plano.
“Por ora, nos parece que o verdadeiro conflito fiscal deste governo virá em 2025 e particularmente 2026, defronte o calendário eleitoral”, diz outro trecho do relatório.
Ainda segundo os gestores do Verde, a bolsa brasileira continua sendo vítima de uma soma de temores. O time destacou a pressão no mercado de crédito devido à alavancagem das companhias brasileiras e citou o aumento de impostos, “potencialmente substancial em alguns casos” como fatores de preocupação.
Mercado Global
De acordo com o relatório, a quebra do Silicon Valley Bank nos Estados Unidos em março aflorou o “stress pós-traumático da Lehman e toda crise financeira de 2008 de volta ao psicológico dos mercados”, apesar de não enxergar no caso um problema macroeconômico, e, sim, de liquidez, algo “que os Bancos Centrais podem endereçar sem os mecanismos da taxa de juros”.
Os gestores do Verde aumentaram posições na parte curta da curva dos EUA e do Brasil, e se mantiveram comprados em inflação implícita em ambos os países. O fundo ainda reduziu exposição na bolsa brasileira, manteve exposição líquida neutra em bolsa global e em ouro, e zerou a alocação em petróleo. No mercado de câmbio, o Verde FIC FIM iniciou pequena alocação em dólar contra o real.
No mês passado, o fundo teve um desempenho de -0,41%, ante 1,17% do CDI.