Por: Luciano Costa
As ações do Carrefour recuavam mais de 2% no pregão de hoje e lideravam as perdas percentuais do Ibovespa, após a companhia ter anunciado ontem um ajuste no preço de aquisição do grupo BIG, o que surpreendeu o mercado e foi, a princípio, mal recebido por analistas de bancos de investimentos.
Por volta das 12h20, as ações ordinárias do Carrefour (CRFB3) recuavam 2,59%, a R$11,63 cada. O índice Bovespa avançava 0,28% no mesmo horário.
O Carrefour informou na terça-feira que negociou com os antigos donos do BIG um desconto de até R$1 bilhão no valor pago pela rede varejista em junho do ano passado, recebendo R$350 milhões à vista e o restante em duas parcelas até maio de 2024. O acordo ainda envolve algumas contrapartidas que não foram detalhadas.
A equipe do Itaú BBA, liderada por Thiago Macruz, disse que o anúncio do Carrefour não era esperado e destacou que o ajuste de preços não está relacionado a questões operacionais, o que dá algum alívio. O time, no entanto, apontou que é preciso entender primeiro quais obrigações o grupo varejista assumiu no acordo e se isso exigirá algum desembolso.
“É difícil para nós imaginar que o efeito líquido positivo disso vá ser positivo para o Carrefour”, escreveram em relatório na noite de ontem.
O time de analistas do Santander Investment, formado por Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, também informou que o anúncio é em geral negativo para o Carrefour. A notícia, no entanto, é uma “surpresa positiva para a situação de caixa da companhia” no curto prazo, apontaram.
Ainda assim, o Santander avalia que os resultados do Itaú no quarto trimestre aumentaram preocupações do mercado com o ritmo de captura de melhorias e sinergias da compra do BIG, mantendo as ações do Carrefour sob pressão desde então. “Essa notícia pode reforçar tais preocupações”, afirmou o banco.
O Santander e o Itaú BBA recomendam a “compra” dos papéis ordinários do Carrefour, com preço-alvo estimado de R$20 e R$17, respectivamente.