Ações da Marisa caem com renúncia de diretor-presidente e intenção de renegociar dívida

"A Marisa tem o pior resultado do varejo em todas as linhas, e ainda sofre muito para retomar os patamares de 2019", segundo analista

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Por Maria Luiza Dourado

Os papéis da Marisa Lojas (AMAR3) caíam mais de 4% na tarde desta quarta-feira, depois que a empresa anunciou mais cedo a renúncia do diretor-presidente Adalberto Pereira Santos e a contratação de consultorias para renegociação de dívidas e estruturas de custos.

A mudança no comando é a segunda em menos de um ano, uma vez que Marcelo Pimentel deixou a companhia em março passado para assumir o cargo de principal executivo do Pão de Açúcar, e o alto endividamento preocupa analistas.

“A saída do Marcelo Pimentel ano passado já acendeu um alerta, ele ficou menos de três anos no cargo. Agora, a saída do Adalberto só evidencia que o negócio não deve estar funcionando tão bem”, disse à Mover 5 analista Victoria Minatto, da Eleven Financial.

Perto das 15h34, as ações da varejista de moda caíam 4,42%, a R$1,08, depois de chegarem a despencar 7%, para mínima intradiária de R$1,05. Elas acumulam queda de 65% em 12 meses.

“A Marisa tem o pior resultado do varejo em todas as linhas, e ainda sofre muito para retomar os patamares de 2019. Com prejuízos acumulados e uma dívida relevante, ainda acredito num cenário muito pessimista para a companhia”, acrescentou Minatto.

A varejista divulgou pela manhã a renúncia do diretor-presidente Adalberto Pereira Santos e do conselheiro Marcelo Adriano Casarin. Ela também divulgou a contratação do BR Partners para assessorar a renegociação de dívidas e da Galeazzi Associados para aperfeiçoar sua estrutura de custos.

A companhia disse em comunicado que iniciou processo para seleção de um novo CEO, e que Alberto Kohn de Penhas assumirá o cargo enquanto isso.

No último balanço divulgado, referente ao terceiro trimestre de 2022, a Marisa apresentou endividamento líquido de R$566,1 milhões, acima dos R$544,6 milhões no final de 2021.

A varejista está pedindo neste momento um acordo “standstill” com bancos credores, para congelar a dívida e impedir a execução de dívidas, o que poderia envolver um acerto extrajudicial, segundo publicou o Scoop by Mover hoje.

Neste ano, além da Marisa, outras empresas listadas iniciaram processos para renegociação de dívidas. A CVC Brasil contratou o BR Partners para assessorar o reperfilamento de débitos, enquanto a Light terá apoio da Laplace para reestruturação de suas finanças.

Os problemas das companhias ainda ocorrem em paralelo à eclosão de crises na varejista Americanas, que pediu recuperação judicial com dívidas de mais de R$40 bilhões, após revelar R$20 bilhões em ´inconsistências contábeis´, e na Oi, que caminha para uma possível segunda recuperação judicial.